Migrações: Missionários no estrangeiro precisam de ajuda

Antigo diretor da OCPM enaltece a importância do apoio às comunidades católicas portuguesas

Lisboa, 17 jan 2014 (Ecclesia) – O antigo diretor da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM), padre Rui Pedro reclama, em entrevista à Agência ECCLESIA, uma maior atenção ao trabalho dos missionários junto das comunidades portuguesas no estrangeiro.

“Nós, missionários dos emigrantes, precisamos de mais apoio a nível do discernimento crítico para que a reestruturação interna no Luxemburgo e na Europa que compreende a redução de recursos humanos e financeiros não prive fatalmente as Comunidades Católicas Portuguesas de meios adequados”, alerta omissionário scalabriniano, atualmente no Luxemburgo.

As missões junto das comunidades católicas portuguesas estão há mais de 10 anos envolvidas num processo de renovação eclesiológica, inspirado no modelo da “Pastoral Intercomunitária”, para que consigam “ser mais seguidas e acompanhadas pela Igreja em Portugal”, revela.

“Somos um modelo pastoral de acompanhamento espiritual e mediação cultural a reinventar. Com mais razão ainda, num momento epocal de viragem histórica em que o fluxo de Emigração deixou de ser tabu – como o foi nos últimos 25 anos – para voltar a ser uma preocupação nacional”, assume o padre Rui Pedro.

O antigo diretor da OCPM abordou a sua experiência junto da comunidade lusa a viver no Luxemburgo, revelando que “os portugueses não estão ainda integrados nos países para onde emigraram e continuam a emigrar”.

“A Igreja portuguesa tem essa importante tarefa” especialmente no que se refere “ao diálogo solidário e periódico com as estruturas das Igrejas que acolhem as comunidades portuguesas”, acrescenta.

Os mais de 120 mil portugueses que deixaram Portugal em 2013 colocam desafios específicos à Igreja, “em contexto rural e urbano, litoral e insular”, algo a que o padre Rui Pedro se refere como uma “hemorragia demográfica”, que se agrava “pela baixa taxa de natalidade em Portugal, fere o país em todas as suas expressões e mutila o seu capital humano”.

Já no estrangeiro, é também importante “tornar-se próximo para que a escola deixe de ser discriminatória e seletiva (por causa da língua) para os filhos de emigrantes; para que o trabalho em excesso, às vezes tão desumano porque altamente competitivo, e a vontade de fazer face, no mais curto espaço de tempo a dívidas pendentes ou situações familiares complexas”.

Tudo para que não “se roube para sempre a alma às pessoas, não se banalize ainda mais a dignidade humana e não se diluam os valores cristãos: os únicos a poder garantir a transcendência da vida e alimentar o sonho que todo o emigrante e refugiado acalenta no seu coração: um mundo melhor, uma vida melhor”, conclui o padre Rui Pedro em entrevista publicada no semanário digital ECCLESIA.

O tema dos refugiados e dos migrantes vai estar em debate no 14.º encontro de formação de agentes sociopastorais das migrações, que se inicia hoje em Albergaria-a-Velha (Diocese de Aveiro).

O encontro assinala em Portugal o Dia Mundial do Migrante e Refugiado, que a Igreja Católica comemora no domingo, e é organizado em parceria pela Obra Católica Portuguesa de Migrações, Cáritas Portuguesa e Agência ECCLESIA.

MD/OC

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