Bento XVI: Resignação é sinal de serviço e humildade

Cidade do Vaticano, 26 fev 2013 (Ecclesia) – Valerio Gigliotti, especialista em Direito e Literatura Medieval da Universidade de Turim, considera que a renúncia de Bento XVI é uma opção que, além de singular na história da Igreja, revela uma “teologia do serviço e da humildade”.

A resignação é uma escolha “excecional, mas absolutamente coerente com a ação pastoral própria do ministério petrino, no momento em que o sumo pontífice exerce a própria vontade com um ato supremo de abnegação de si pelo bem da Igreja”, sublinha em artigo publicado no site do jornal do Vaticano.

“A própria natureza da renúncia voluntária ao papado por motivo de inadequação, própria da tradição canónica clássica, é o mais coerente efeito da humildade e do serviço, baseado no modelo do próprio Cristo”, realça o texto do ‘L’Osservatore Romano’, intitulado ‘Renunciar para servir’.

O docente lembra que o Direito e a Teologia questionaram-se a partir do século XII sobre a natureza de um ato extraordinário, tendo produzido reflexões diferentes, de acordo com as várias épocas.

Um decreto de Inocêncio III (1198-1216) indicava as causas pelas quais era admitido que um bispo ou Papa pudesse renunciar, mas a questão não foi disciplinada pela legislação eclesial até 1294, ano da resignação de São Celestino V, assinala Valerio Gigliotti.

Celestino V emanou uma norma que viria a ser retomada pelo seu sucessor, Bonifácio VIII (1294-1303), legislação que foi substancialmente recolhida no Direito Canónico do tempo.

O especialista recorda que o debate suscitado pela renúncia de Celestino V, a primeira absolutamente voluntária na história da Igreja, envolveu teólogos, juristas e personalidades da cultura comprometidas na política, como Dante Alighieri (c. 1265-1321), que na obra ‘Divina Comédia’ valorizou a humildade do gesto papal.

RJM

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