Francisco Sarsfield Cabral e António Marujo comentam renúncia do Papa
Lisboa, 15 fev 2013 (Ecclesia) – Os jornalistas portugueses Francisco Sarsfield Cabral e António Marujo consideram que a renúncia de Bento XVI ao pontificado, apresentada esta segunda-feira, foi uma surpresa que vai marcar o futuro próximo da Igreja.
“Este Papa que, pela primeira vez em seis séculos, renuncia ao papado, não é um mero intelectual académico. É uma pessoa que atrai pela sua simplicidade, pela sua timidez, pela sua humildade. Daí outras surpresas”, refere Sarsfield Cabral, da Rádio Renascença, em texto publicado na mais recente edição do Semanário ECCLESIA.
O comentador mostra-se impressionado com a “aqualidade do pensamento cristão de Ratzinger”, que “não foge aos problemas, vai ao fundo das questões, ainda que fosse mais cómodo contornar alguns obstáculos”.
“Pela minha parte, gostaria que J. Ratzinger, depois de resignar, nos surpreendesse de novo, continuando a escrever e a iluminarmo-nos”, conclui.
António Marujo, especialista em assuntos religiosos, analisa por sua vez a mudança de “perceção”, oito anos após a morte de João Paulo II (1920-2005).
“Mesmo se se pode considerar importante que o Papa mostre ser uma pessoa normal, que sofre e envelhece e morre como outras, o cargo tem exigências que, não podendo ser cumpridas, é melhor serem assumidas por quem esteja capaz – sob pena de, não o fazendo, comprometer a vida da comunidade eclesial”, sustenta.
O jornalista aponta a falta de reforma da Cúria Romana – organismo central do governo da Igreja Católica – como um dos motivos da decisão de Bento XVI, afirmando que a renúncia “ ficará para a história como a afirmação de que a humildade vale muito mais do que o poder”.
“Essa é a grande rutura que pode ajudar a mudar alguma coisa dentro da Igreja”, conclui.
Bento XVI, eleito em abril de 2005, vai concluir o seu pontificado a 28 de fevereiro, abrindo caminho à eleição de um sucessor.
OC