Vaticano: Cristãos devem resistir às «tentações» constantes de uma «cultura secularizada», afirma Bento XVI

«Não é fácil ser fiel ao matrimónio cristão, praticar a misericórdia na vida quotidiana, deixar espaço à oração e ao silêncio interior»

Cidade do Vaticano, 13 fev 2013 (Ecclesia) – Bento XVI vincou hoje que cada católico deve diariamente “renovar a escolha de ser cristão [e] dar a Deus o primeiro lugar, perante o “juízo crítico” de muitos contemporâneos” e “as tentações que uma cultura secularizada lhe propõe”.

“As provas a que a sociedade atual submete o cristão são muitas e atingem a vida pessoal e social. Não é fácil ser fiel ao matrimónio cristão, praticar a misericórdia na vida quotidiana, deixar espaço à oração e ao silêncio interior”, sublinhou na audiência geral de quarta-feira, no Vaticano, dois dias depois de ter anunciado a resignação.

O Papa recordou os obstáculos com que os católicos se defrontam quando pretendem “opor-se publicamente a escolhas que muitos consideram óbvias, como o aborto no caso de uma gravidez indesejada, a eutanásia no caso de doença grave, ou a seleção dos embriões para prevenir doenças hereditárias”.

[[v,d,3786,]]“Hoje não se pode mais ser cristão como simples consequência do facto de se viver numa sociedade que tem raízes cristãs”, disse o Papa aos milhares de peregrinos reunidos na Sala Paulo VI, a quem alertou para o perigo de afastarem a fé das opções de vida.

Deus “não cessa de bater à porta do homem em contextos sociais e culturais que parecem engolidos pela secularização”, referiu.

“No nosso tempo não são poucas as conversões” de pessoas que “durante anos se afastaram da fé e depois redescobriram Cristo e o seu Evangelho”, como aconteceu com o monge russo ortodoxo Pavel Florenskij, a holandesa Etty Hillesum, que morreu no campo de concentração de Auschwitz, e a norte-americana Dorothy Day, apontou.

A catequese, proferida na Quarta-feira de Cinzas, primeiro dia da Quaresma, acentuou que este período litúrgico é caracterizado pelo “particular empenho” no “caminho espiritual” dos fiéis.

“Neste tempo de Quaresma, no Ano da Fé, renovemos o nosso compromisso no caminho de conversão, para superar a tendência de nos fecharmos em nós próprios e para, em vez disso, darmos espaço a Deus, olhando com os seus olhos a realidade quotidiana”, apelou.

Para Bento XVI a decisão pela “conversão” consiste em escolher entre “poder humano e amor da cruz, entre uma redenção baseada apenas no bem-estar material e uma redenção como obra de Deus”, a quem se dá “o primado da existência”.

“Converter-se significa não fechar-se na procura do próprio sucesso, do próprio prestígio, da própria posição, mas fazer que em cada dia, nas pequenas coisas, a verdade, a fé em Deus e o amor se tornem a coisa mais importante”, salientou.

Na saudação em português o Papa enviou “uma cordial saudação” aos peregrinos lusófonos, nomeadamente para os grupos portugueses de Lamego e Lisboa, e os brasileiros de Curitiba e Porto Alegre.

“Possa cada um de vós viver estes quarenta dias [da Quaresma] como um generoso caminho de conversão à santidade que o Deus Santo vos pede e quer dar”, disse.

A terminar a audiência o Papa agradeceu a um grupo de crianças italianas que entoou um canto “particularmente querido” para ele.

RJM

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