EMRC: João Duque diz que o ensino religioso na escola pública deve ser independente «das vontades políticas»

Teólogo defende que chegou a hora de consolidar a Educação Moral e Religiosa Católica «num sistema educativo universal»

Fátima, Santarém, 28 jan 2013 (Ecclesia) – O teólogo João Duque diz que a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) tem de ser definitivamente legitimada enquanto elemento fundamental para a formação integral dos adolescentes e jovens.

Numa conferência incluída no Fórum de EMRC, que decorreu entre sexta e domingo em Fátima, o presidente do Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa salientou que chegou a “altura de discutir com o Estado e a sociedade o papel da dimensão religiosa”, para que a sua importância não esteja “dependente das vontades políticas favoráveis e desfavoráveis em momentos diferentes da história”.

A Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, atualmente presidida pelo bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos, o Estado português e a Universidade Católica Portuguesa estão a trabalhar no sentido de criar um projeto-lei que enquadre a disciplina de EMRC numa escola que pretendem que seja aberta e plural.

Para João Duque, é preciso consolidar “a EMRC num sistema educativo universal”, de modo a que ela seja entendida não como “um benefício à Igreja Católica prevista na Concordata”, mas sim como “um serviço da Igreja ao Estado e à sociedade que deve zelar pela formação religiosa dos seus cidadãos”.

Durante o Fórum em Fátima, que teve lugar no Seminário do Verbo Divino com a presença de mais de 200 professores de EMRC, Elisa Urbano, diretora do Secretariado Diocesano da disciplina em Aveiro desmistificou o carácter doutrinal da educação religiosa nas escolas.

De acordo com a docente, toda a ação educativa “é uma evangelização”, cada professor “evangeliza” os alunos de acordo com a “sua especificidade”, seja no ensino das letras ou com a matemática.

A diferença está na necessidade do “professor de EMRC transformar o seu próprio conhecimento em vida”, ou seja, passar “do foro da razão para o coração ganhando assim uma dimensão transformadora do ser humano na sua ação no mundo”, salientou Elisa Urbano.

Numa altura em que Portugal procura um rumo novo, devido à crise socioeconómica, a disciplina de EMRC apresenta-se como um meio importante na estruturação humana das novas gerações, de modo a ajudá-las a fazerem “escolhas livres e conscientes”, acrescentou Fernando Moita.

O docente de EMRC da Diocese de Lisboa e formador de professores definiu o educador católico como alguém que ajuda os alunos a “compreenderem a cultura em que vivem”, de “tradição judaico-cristã” e como alguém que é “herdeiro de uma mestria e membro de uma comunidade também ela ensinante: a Igreja”.

António Estanqueiro, professor de filosofia e psicologia, autor de várias obras sobre pedagogia e sucesso educativo, que também participou no Fórum, alertou para a importância da escola respeitar “as inteligências múltiplas dos alunos”.

“Há talentos que atrofiamos e não desenvolvemos”, apontou o docente, que deixou algumas propostas como “diversificar estratégias de ensino e instrumentos de avaliação”, de modo a que esta não seja apenas classificar “alunos em folhas de excel”.

Educris/JCP

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