Lisboa, 23 dez 2012 (Ecclesia) – A festa do Natal, que os cristãos celebram a 25 de dezembro, assumiu uma forma definida no séc. IV, quando tomou o lugar da festa romana do ‘Sol invencível’, uma data com um simbolismo próprio.
“Assim foi evidenciado que o nascimento de Cristo é a vitória da verdadeira luz sobre as trevas do mal e do pecado”, explicava o Papa Bento XVI, numa catequese sobre o tema que apresentou no Vaticano, em 2009.
Ainda hoje, na liturgia católica, se recita a chamada “calenda”, como anúncio do nascimento de Jesus, que a oração coloca na época da 194ª Olimpíada e no ano 752 da fundação de Roma, entre outras referências históricas que fazem parte da introdução à missa do galo, celebrada à meia-noite, seguindo uma tradição que remonta aos primórdios da Igreja.
Na catequese citada, Bento XVI referiu que “o primeiro que afirmou com clareza que Jesus nasceu a 25 de dezembro foi Hipólito de Roma, no seu comentário ao Livro do profeta Daniel, escrito por volta de 204”.
O Papa acrescentou que “a particular e intensa atmosfera espiritual que rodeia o Natal desenvolveu-se na Idade Média, graças a São Francisco de Assis, que estava profundamente apaixonado pelo homem Jesus, pelo Deus-connosco”.
Foi este santo que, na véspera de Natal de 1223, armou pela primeira vez a representação da cena do nascimento de Cristo, recorrendo a figuras vivas.
O presépio tradicional algarvio conserva as raízes medievais: é um trono ou altar armado em escadaria; na Madeira, este presépio é conhecido como “lapinha”.
Liturgicamente, a solenidade do Natal do Senhor é caracterizada por três missas: a da meia-noite ou do galo (‘ad noctem’ ou ‘ad galli cantum’), que remonta ao Papa Sisto III, por ocasião da reconstrução da basílica liberiana no Esquilino (Santa Maria Maior), depois do concílio de Éfeso, em 431; a da aurora (‘in aurora’), originariamente em honra de Santa Anastácia, que tinha um culto celebrado com solenidade em Roma no século VI; a do dia (‘in die’), a que primeiro foi instituída, no séc. IV.
O tempo litúrgico do Natal compreende ainda as festas da Sagrada Família (domingo após o Natal, ou, se este não ocorrer, a 30 de dezembro); a de Santa Maria, Mãe de Deus, a 1 de janeiro; a Solenidade da Epifania do Senhor, a 6 de janeiro ou no Domingo que ocorre entre os dias 2 e 8 de janeiro.
O tempo de Natal termina com a festa do batismo do Senhor, no domingo após a Epifania, ou, se esta coincide com o dia 7 ou 8 de janeiro, na segunda-feira seguinte.
Têm também lugar a celebração das festas de S. Estêvão, S. João evangelista e dos Santos Inocentes – respetivamente a 26, 27 e 28 de dezembro -, dentro da oitava do Natal, que vai do dia 26 até 1 de janeiro, solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, Dia Mundial da Paz.
OC
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