Ação de formação reuniu guias e agentes de turismo na região do Algarve
Tavira, Faro, 24 nov 2012 (Ecclesia) – O Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja (SNBCI) promoveu este sábado, em Tavira, a ação de formação ‘Como visitar uma igreja’, reunindo guias e agentes de turismo da região do Algarve, para qualificar a intervenção nestes espaços.
Segundo Sandra Costa Saldanha, diretor do organismo, há “necessidade de se vocacionarem estas ações de formação para a especificidade da visita ao templo”, sublinhando que “não é o mesmo que visitar um palácio ou um castelo”.
A iniciativa decorreu na igreja de Nossa Senhora do Carmo, com a colaboração com a Pastoral do Turismo da Diocese do Algarve.
O padre Miguel Neto, responsável por este setor, destacou que o património religioso é um dos “mais valioso e extensos” que a região tem para oferecer, frisando, no entanto, que “dar a conhecer este património, no caso específico das igrejas, implica compreendê-lo, saber interpretá-lo”.
A sessão contou com a presença do diretor da nova Obra Nacional da Pastoral do Turismo (ONPT), padre Carlos Godinho, para quem este organismo da Igreja Católica “visa promover o diálogo enriquecedor entre quem chega e quem acolhe”.
O sacerdote destacou a complementaridade dos destinos de cariz religioso face ao turismo tradicional de praia, no próprio Algarve.
Maria de Fátima Eusébio, da Diocese de Viseu, falou das igrejas como de espaços que proporcionam uma “fruição cultural”, numa intervenção em que destacou a importância do acolhimento e apelou a melhorias em termos de “sinalética e sinalização”
“A própria Igreja deve desenvolver programas no sentido de haver circuitos, com informação previamente disponibilizada”, acrescentou.
Artur Goulart, da Arquidiocese de Évora, disse por sua vez que “o entendimento dos objetos religiosos deve ajudar à eficácia da visita”, frisando que raramente nas visitas a igrejas são levadas em consideração as obras e alfaias litúrgicas, que são “sinais da vivência da fé”
Preparação inicial que é necessário fazer quando se visita uma igreja, munindo-se de “informação de qualidade”, esteve no centro da conferência de Nuno Resende, da Diocese de Lamego.
O especialista convidou os presentes a passar informação “legível e percetível” a quem visita uma igreja, evitando “clichés” e falácias que, muitas vezes, marcam a historiografia produzida em âmbito local.
Vítor Teixeira, da Escola das Artes, (UCP-Porto), criticou na sua intervenção o que classificou como “iliteracia visual” na atualidade.
“Quando ficamos pelo mero exercício da descrição pura, quando não passamos à interpretação, vamos entrar por caminhos muitos escuros”, alertou o docente.
A sessão concluiu-se com uma intervenção do jornalista Octávio Carmo, sobre os lugares de culto e seus “espaços-chave”.
“As igrejas falam de nós, falam de história, de arte, de cultura, de política, de teologia. São testemunhos de uma fé vivida em contextos muito concretos”, referiu.
OC