Vaticano: Crianças têm direito a «família normal»

Cardeal Ennio Antonelli destaca benefícios económicos dos agregados familiares

Lisboa, 17 abr 2012 (Ecclesia) – O responsável do Vaticano para a família defendeu hoje em Lisboa “o direito” das crianças a um agregado familiar “normal” e recusou que o “matrimónio de um homem e uma mulher” seja equiparado a “outras formas de convivência”.

“A família normal fundada sobre o matrimónio é uma comunidade estável de vida e de pertença recíproca”, enquanto outros modelos se situam na “lógica do indivíduo que pertence apenas a si mesmo e mantém com os outros só uma relação contratual de intercâmbio”, sustentou o presidente do Conselho Pontifício para a Família.

Em resposta a uma pergunta colocada pela assistência presente na Aula Magna da Universidade de Lisboa, D. Ennio Antonelli declarou que “é necessário não apenas olhar aos desejos dos adultos mas aos direitos das crianças”, dado que “os desejos nem sempre são direitos mas o bem objetivo das crianças é um direito”.

“O mal-estar e os deslizes juvenis aparecem associados, em medida muito mais elevada às famílias desfeitas, incompletas e irregulares”, afirmou na conferência de abertura do encontro “A Família e o Direito – Nos 30 Anos da Exortação Apostólica ‘Familiaris Consortio’”.

O presidente do organismo da Santa Sé lembrou que “em nome da não discriminação, se reivindica o direito dos homossexuais a contrair matrimónio ou pelo menos a equiparar em tudo a sua relação ao matrimónio”.

Esta posição esquece “que a justiça não consiste em dar a todos as mesmas coisas, mas em dar a cada um o que lhe pertence, e que é injusto tratar de modo igual realidades diversas”, alegou.

As “pesquisas sociológicas”, frisou, demonstram que, “percentualmente falando, os casados são mais felizes que os solteiros, os conviventes e os separados”.

O prelado referiu que “a contestação mais forte contra a Igreja diz respeito à ética sexual”, porque “aos olhos de muitos” a doutrina católica “apresenta-se como inimiga da liberdade e da alegria de viver”.

A Igreja, contrapôs, “não rebaixa a sexualidade, mas, integrando-a no amor de doação, exalta-a até fazer dela uma antecipação das núpcias eternas”.

O cardeal acentuou que “o objetivo fundamental” dos católicos “deve ser a formação duma cultura e duma opinião pública favorável à família”.

“Para sair da crise económica atual, todos se dão conta de que há necessidade, por um lado, de inovação, investimentos e maior produtividade e, por outro, de equilibrada alternância de gerações e, consequentemente, taxa mais elevada de natalidade e melhor educação”, apontou.

D. Ennio Antonelli argumentou que “são precisamente as famílias sadias que asseguram poupança, responsabilidade e eficiência, procriação generosa e compromisso educativo”, pelo que a sociedade beneficia da criação de “oportunidades de trabalho” e da “harmonização” das exigências relativas ao tempo dedicado à família e à empresa.

A “felicidade”, no entanto, não se centra na economia: o facto de se ter “uma família normal conta mais que os rendimentos” e “a falência do matrimónio faz sofrer mais que o desemprego”, realçou.

Em declarações aos jornalistas, o cardeal italiano apelou a uma “séria preparação para o matrimónio”, na Igreja Católica, com um “itinerário, um caminho prolongado, doutrinal e prático, de vida cristã”.

Este responsável disse ainda esperar um milhão de pessoas no encerramento do 7.º Encontro Mundial das Famílias, entre 1 e 3 de junho, em Milão (Itália), com a presença de Bento XVI.

RJM/OC

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Agência ECCLESIA

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