Fátima: Curso de missiologia aborda condicionalismos da ação evangelizadora numa sociedade multiétnica e internacional

«Espaços de salvação e evangelho» cada vez mais próximos e exigentes, diz coordenador da iniciativa, com número recorde de inscrições

Fátima, Santarém, 23 ago 2011 (Ecclesia) – Numa iniciativa dos Institutos Missionários Ad Gentes (IMAG), com o apoio das Obras Missionárias Pontifícias, teve hoje início, no Seminário da Consolata, em Fátima, o Curso de Missiologia 2011, com o objectivo de preparar leigos e religiosos para atuarem em “espaços de salvação e evangelho” cada vez mais próximos e exigentes.

“Antigamente falava-se em missão e pensava-se nas comunidades africanas perdidas no meio das savanas ou nas tribos indígenas da Amazónia. Hoje a missão já não é só geográfica, ‘ad gentes’, é a missão do diálogo e da comunhão ‘inter gentes’, mesmo aqui na Europa e em Portugal”, realça o padre Albino Brás, missionário da Consolata e coordenador desta iniciativa, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Se “até há bem pouco tempo”, a atuação dos institutos missionários no Velho Continente se resumia à “animação missionária e vocacional”, hoje em dia a realidade é bem diferente.

Diante de uma sociedade “cada vez mais multiétnica e internacional”, a missão cristã teve de “mudar de paradigma”, realça o sacerdote, dando como exemplo o acompanhamento que a sua congregação está a dar ao bairro do Zambujal, em Lisboa.

“Temos imigrantes de Cabo Verde, Angola, também muitos de etnia cigana, e trabalhamos com eles todas as questões que teríamos num campo de missão do chamado Terceiro Mundo, como a pobreza, os direitos humanos, a organização das pessoas enquanto comunidade de fé”, exemplifica.

A formação deste ano, que termina no próximo domingo, conta com 70 participantes inscritos, “um número recorde” desde que o padre Albino Brás assumiu a coordenação do projeto, em 2005.

Na lista, destaque para a ausência de sacerdotes diocesanos, algo que para aquele responsável “significa que a dimensão missionária não interessa muito à Igreja diocesana, o que é de lamentar porque, na perspetiva atual, ela deveria ser das mais importantes”.

Um dos pontos positivos prende-se com a adesão dos leigos, “que tem vindo a crescer de ano para ano”, sinal de que “a mensagem da missão está cada vez mais a passar para a sociedade”.

Segundo o padre Albino Brás, “a Igreja tem de ser cada vez mais laical, até pela diminuição das vocações, e todo o batizado deve ser um cristão comprometido”.

Além dos espaços de missão terem ficado mais próximos, espalhar o Evangelho tornou-se um trabalho cada vez mais exigente, no entender deste missionário da Consolata.

“Através do curso de missiologia, tentamos também estimular e incentivar as pessoas a viverem a sua fé com autenticidade, num mundo que quer abafar as manifestações de fé, até no espaço público”, sublinha.

JCP/OC

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