Jornadas Missionárias da Juventude

Padre Pablo Lima

Estou convencido de que a dimensão missionária é a chave de leitura do fenómeno que representam as Jornadas Mundiais da Juventude. Elas não são um grande woodstock católico mas uma verdadeira experiência de anúncio de Jesus Cristo aos crentes e aos não crentes. Ninguém duvida da paixão missionária de João Paulo II – que percorreu o globo de lés-a-lés e que levou como mágoa as visitas impossíveis à Rússia e à China – e a criação das JMJ foi mais um capítulo desse ardor que um dia o levou a escrever que «a missão de Cristo Redentor, confiada à Igreja, está ainda bem longe do seu pleno cumprimento. No termo do segundo milénio, após a Sua vinda, uma visão de conjunto da humanidade mostra que tal missão está ainda no começo, e que devemos empenhar-nos com todas as forças no seu serviço» (Redemptoris Missio, 1). Com todas as forças e com toda a originalidade, e uma e outra – força e originalidade – são apanágio da juventude. Identificados os elementos e os construtores de uma tão grande obra – a Missão – como não dar-lhes todo o fôlego possível?

Todos a Madrid

A escolha de Madrid como cidade e Igreja anfitriã deste magno evento não é casual, antes pelo contrário, é deveras eloquente. Uma das metrópoles mais simbólicas e capital de um país mergulhado numa onda de laicismo e de anti-cristianismo, torna-se autora e destinatária de cinco dias intensos de evangelização para e com jovens de todo o mundo e centro da Igreja, Roma transportada aí onde está e estará o Papa. A Espanha é o primeiro país a organizar pela segunda vez a JMJ (em 1989, foi em Santiago de Compostela, curiosamente também com D. António Rouco como arcebispo anfitrião; em 1985, em Roma, ainda não foi bem uma Jornada como ocorreu depois novamente em 2000) e o único até hoje que assim recebe por três vezes a visita de Bento XVI… O Papa espera que esta seja para a Espanha – que tantos e tão grandes missionários e santos deu à Igreja – e, através dela, para a Europa e para todo o mundo, uma bela página da história do anúncio do Evangelho, que traga renovados frutos de fé e santidade.

Firmes na Fé

 

A confirmar este objetivo missionário, temos o primeiro parágrafo da Mensagem de Bento XVI para a XXVI Jornada Mundial da Juventude, onde podemos ler: «gostaria que todos os jovens, quer os que partilham a nossa fé em Jesus Cristo, quer todos os que hesitam, que estão na dúvida ou não creem n’Ele, possam viver esta experiência, que pode ser decisiva para a vida: a experiência do Senhor Jesus ressuscitado e vivo e do seu amor por todos nós». Creio, porém, não interpretar mal o sentir da Igreja sobre as Jornadas se disser que elas não valem por si, nem pelos cinco dias de encontro, mas pelos antecedentes e pelas consequências. A caminhada feita e o trabalho desenvolvido até este momento pelas dioceses, congregações e movimentos são os que tornam frutuosos os dias do Encontro em oração, convívio, testemunho e conversão. E o esforço após as Jornadas de continuar a levar os jovens a Jesus Cristo, de os envolver no anúncio e de os tornar não apenas destinatários mas autores da pastoral juvenil em Portugal, será isso a marcar o verdadeiro fruto das Jornadas. De 16 a 21 de agosto, em Madrid, colocaremos a cereja encima do bolo e cortaremos a fita de uma nova e contínua corrida no serviço e amor a Jesus e à Igreja. O lema foi dado pelo Papa, recorrendo a Cl 2,7. E é tanto uma realidade já viva desde o batismo como um projeto: «Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé».

Padre Pablo Lima, Diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ) – Publicação Conjunta da MissãoPress

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