Congresso nacional encerrado com alertas do presidente da República, subscritos por responsáveis católicos
Arganil, Coimbra, 19 jun 2011 (Ecclesia) – O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) defendeu este sábado ser altura de o Estado afastar “preconceitos ideológicos” e apostar mais na capacidade destas instituições na área da saúde.
“Não faz sentido pactuar com o desperdício suportado em preconceitos ideológicos como é o caso do não aproveitamento integral da nossa capacidade de resposta em termos de saúde”, sublinha Manuel Lemos, no discurso de encerramento do X Congresso Nacional das Misericórdias Portuguesas.
Segundo este responsável, os preços que as Misericórdias praticam pelos cuidados de saúde “situam-se, em média, mais de 30 por cento abaixo dos valores praticados pela resposta pública ou das parcerias público-privadas”.
“Quando o memorando de entendimento entre o Governo, a União Europeia e o FMI se refere à necessidade de contenção da despesa e de reestruturação na prestação de serviços de saúde, vale a pena de certeza olhar para a nossa qualidade e para os nossos preços e apostar mais nas Misericórdias de Portugal”, acrescentou, citado pela Lusa.
O X Congresso Nacional das Misericórdias Portuguesas, que quinta-feira começou em Coimbra, foi encerrado esta tarde, em Arganil, no mesmo distrito, centro-norte de Portugal, pelo presidente da República.
Aníbal Cavaco Silva falou na necessidade de reinvenção do conceito de serviço público, que tenha em atenção a necessidade de “resposta rápida e adequada” aos “crescentes” problemas sociais dos portugueses.
Nesse contexto, apelou à criação de “um novo conceito que atenda mais à necessidade de dar uma resposta rápida e adequada aos crescentes problemas sociais da população portuguesa, do que ao respeito de uma visão ideológica que os tempos tornaram obsoleta”.
Para Cavaco Silva, os cuidados de saúde são um “bom exemplo” dessa “obsessão de tudo sujeitar à tutela e à administração direta do Estado”.
“Perdemos muitos anos a recriar o que já estava criado, a recuperar experiência e competências que já existiam, a esbanjar recursos que poderiam ser canalizados para domínios mais carenciados e de maior urgência social”, declarou.
No seu discurso, o presidente da República afirmou que “as Misericórdias portuguesas têm fortes razões para se orgulharem do inestimável contributo que têm prestado e continuam a prestar aos Portugueses e a Portugal”.
“Foi no combate à fome, à doença e à exclusão que se forjou esta obra inestimável que integra, de pleno direito, a secular história de Portugal como Estado e como Nação”, indicou.
Como reconhecimento por esta missão ao longo da história, o presidente da República agraciou a UMP com o título de membro honorário da Ordem do Mérito.
A Ordem do Mérito destina-se a galardoar atos ou serviços meritórios praticados no exercício de quaisquer funções, públicas ou privadas, que revelem abnegação em favor da coletividade.
Já hoje, o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social disse concordar com o presidente da República quanto ao aproveitamento das iniciativas das Misericórdias, IPSS ou autarquias, por exemplo.
“Temos aqui um campo social da saúde e da educação que são campos onde muitas vezes são razões ideológicas e não concretas que fazem multiplicar gastos sem necessidade. Um Estado social não se pode dar a esse luxo, muito menos no tempo que vivemos”, afirma D. Carlos Azevedo à Renascença.
OC