África Ocidental: Bispos criticam «ditaduras» e pedem «respeito absoluto» pela democracia

Episcopados católicos preocupados, em particular, com a violência na Costa do Marfim

Lisboa, 09 jun 2011 (Ecclesia) – Os bispos da África Ocidental francófona condenaram esta quinta-feira “duramente e sem reservas” todas as “ditaduras e imperialismos” existentes na região, que têm motivado confrontos sangrentos em países como a Costa do Marfim e a Líbia. 

“Desaprovamos completamente os chefes de Estado africanos que se estabelecem como presidentes por toda a vida, e muitas vezes organizam eleições fraudulentas para permanecerem no poder” pode ler-se num comunicado da Conferência Episcopal Regional da África Ocidental (CERAO), publicado pela Rádio Vaticano.

Os prelados mostram-se ainda a favor do “respeito absoluto das leis democráticas e pela vontade do povo, que se expressa através das eleições”.

Na Costa do Marfim, a recusa do presidente Laurent Gbagbo em sair do poder, depois de ter sido derrotado nas eleições de novembro último, provocou uma guerra civil que tirou a vida a mais de 3 mil pessoas.

Com o apoio das Nações Unidas (ONU) e da França, foi nomeado entretanto um governo provisório, liderado por Alassane Ouattara, que vai orientar os destinos do país até às próximas eleições legislativas, marcadas para o final deste ano.

Apesar desta mudança política, a onda de violência ainda não estancou completamente, já que ainda hoje foram denunciados ataques efetuados por forças militares, leais ao novo presidente, contra várias aldeias no sul do país.

A CERAO pede por isso que seja verificada a legalidade das intervenções externas ocorridas na Costa do Marfim, denunciando-as como um atentado grave ao direito da nação costa-marfinense.

“É evidente que egoísmos coletivos podem assumir a forma de proteção humanitária das populações, para destruir símbolos da dignidade e da soberania dessas mesmas populações” avisam os bispos, apelando à formação de uma liderança mundial de alta intensidade ética”, diante de situações como as que se verificaram naquele país.

Estes responsáveis dirigem ainda um pedido a todos os responsáveis religiosos, para que trabalhem em favor da reconciliação, da paz e da justiça entre os povos.

“Como disse o Papa Bento XVI, a violência e o ódio são sempre uma derrota e constroem um caminho sem futuro”, concluem.

RV/JCP

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