Comunicado final do organismo católico destaca aumento de 40% nos pedidos de ajuda e pede «verdade» aos políticos
Quiaios, Coimbra, 10 abr 2011 (Ecclesia) – O Conselho Geral da Caritas Portuguesa afirmou hoje que a situação do país é “grave”, falando num “cenário negro”, com um aumento de 40% no “número de atendimentos aos mais necessitados”.
Representantes da organização para a solidariedade reuniram-se em Quiaios, localidade do distrito de Coimbra, desde sexta-feira, e destacaram as “múltiplas carências” detetadas.
“Às Caritas são solicitados pedidos de ajuda de toda a ordem: pagamento das rendas habitacionais, eletricidade, água, medicamentos, alimentos, creches, propinas e roupa”, assinala o comunicado final do Conselho Geral, enviado à Agência ECCLESIA.
“Perante o cenário negro que foi apresentado – desemprego crescente e o consequente aumento da pobreza nos vários setores e faixas etárias da sociedade a Caritas propõe respostas inovadoras e apela à criatividade”, referem os responsáveis da entidade.
A Caritas é uma das entidades gestoras do Fundo Social Solidário, aprovado pela Conferência Episcopal Portuguesa, tendo distribuído cerca de 137 mil Euros de dezembro de 2010 a março de 2011.
“Dos mais de 550 casos atendidos, as dioceses de Braga, Vila Real e Coimbra são aquelas que recorreram mais ao fundo de solidariedade”, indica o comunicado.
O documento refere que “nesta época de crise, a união de esforços é fundamental”.
“Para que se evite uma possível descoordenação da pastoral da caridade, a Caritas é chamada a assumir a sua missão de forma determinante”, indicam os seus responsáveis.
Para a Caritas, “ao atravessar momentos delicados, a sociedade portuguesa tem os olhos focalizados na Igreja”.
“A clarificação de números e a consensualização de conceitos são fundamentais para ajudar a tomar consciência das dificuldades que o país atravessa”, pode ler-se.
Quando faltam” cerca de dois meses para os portugueses irem às urnas eleitorais”, para as legislativas de 5 de junho, os membros presentes no Conselho Geral da Caritas Portuguesa pediram aos partidos políticos “uma campanha sóbria e baseada na verdade”.
“Os portugueses merecem ser elucidados sobre o estado da nação, por isso exorta-se transparência e propensão ao compromisso”, indicam.
A Caritas sugere a “implementação de verdadeiros mecanismos reguladores financeiros que contrarie a especulação e combata a corrupção” e apela à “salvaguarda dos direitos laborais fundamentais dos trabalhadores, assim como a dignidade e qualificação do trabalho”.
Aos líderes políticos, a organização pede a “criação de sinergias, de forma a ultrapassar a debilidade económica e social que o país atravessa, e ao incremento de políticas e medidas sociais que protejam os mais fragilizados: desempregados, doentes, idosos, deficientes e pessoas com baixas reformas”.
Em “época de sacrifícios”, a Caritas alerta para que estes sejam “justamente repartidos”: “Quem é possuidor de maior riqueza deve contribuir mais para que a crise seja superada e não crie uma sociedade mais pobre”.
Com representantes de 18 Caritas diocesanas, esta reunião magna foi presidida pelo presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, D. Carlos Azevedo.
Na missa de encerramento, o prelado disse que os atuais estilo de vida e os modelos de desenvolvimento “estiolam a vida, fazem secar as energias espirituais”.
“O Senhor é a nossa ressurreição. Faz-nos capazes de anunciar, aos irmãos e irmãs mais debilitados e presos à crise, uma mensagem de esperança que sustenta cada vida humana, na certeza de um futuro a pôr de pé”, apontou.
OC
Notícia atualizada às 15:03