Porto, 10 Mar (Ecclesia) – O bispo do Porto, D. Manuel Clemente, declarou esta quarta-feira que a reconciliação com Deus implica “necessariamente” a “comunhão espiritual e solidária”, na “oração e na vida”, com os mais necessitados.
“Quanto despiste religioso consentiríamos, se, numa pretensa ‘conversão’ a Deus, falhasse a humanidade”, afirmou o prelado na catedral portuense, durante a missa de quarta-feira de Cinzas, que assinala o início da Quaresma.
Referindo-se ao primeiro dos três elementos que marcam a dimensão penitencial daquele tempo litúrgico – oração, jejum e esmola – Manuel Clemente lembrou que uma das orações mais conhecidas dos cristãos – o Pai Nosso – revela “tanto o sentido de Deus como o sentido dos outros”.
Na homilia intitulada ‘Uma Quaresma para levarmos especialmente a sério!’, o responsável da Igreja católica portuguesa pela cultura, bens culturais e comunicações sociais salientou que os fiéis devem fazer jejum de tudo o que os possa distrair daquele “amor essencial”.
“A própria esmola, além do que oferecermos, seremos também nós, se formos realmente mendigos de Deus, porque o receberemos a Ele mesmo, como amor compartilhável”, salientou.
O prelado anunciou que o Fundo Social Diocesano, “caixa comum” para “muitas necessidades” apresentadas à Igreja do Porto, vai ser o destino da renúncia quaresmal, prática em que os fiéis abdicam da compra de bens que adquirem habitualmente noutras épocas do ano, reservando o dinheiro para uma finalidade especificada pelo bispo.
“Desde a última Quaresma, efectivámos, designadamente, apoios a grávidas e a famílias com bebés recém-nascidos, através da ‘Norte Família e Vida’ e da Caritas Diocesana”, disse Manuel Clemente, acrescentando que os donativos dos fiéis vão reforçar os “cerca de 120 mil euros” actualmente à disposição do Fundo.
A Quaresma é um período de 40 dias, exceptuando os domingos, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário dos cristãos.
RM