Como sair deste «ramerrame», depois de uma década perdida

Em Aveiro: «Diálogo na Cidade» com D. Manuel Clemente e José Manuel Fernandes.

Lisboa, 05 Fev (Ecclesia) – Os tempos actuais são “difíceis” e “estamos a entrar agora numa fase ainda mais difícil e complexa, com uma década perdida, mas olhamos para a frente e não vemos como sair deste ramerrame” – afirmou José Manuel Fernandes antigo director do jornal «Público» no início do «Diálogo na Cidade», em Aveiro, dia 3 de Fevereiro.

Neste «diálogo» com D. Manuel Clemente, bispo do Porto, promovido pela Comissão Diocesana da Cultura – com o apoio da Câmara Municipal de Aveiro – o antigo director daquele órgão de Comunicação Social afirmou que “a democracia contribuiu para o crescimento económico e redistribuição dos recursos, mas pela primeira vez há uma geração que está a viver pior do que a anterior”.

Segundo o blog http://pela-positiva.blogspot.com (de Fernando Martins), o bispo do Porto frisou que “os escombros são económicos, culturais, restos de coisas, de referências”, acrescentando que é difícil conversar. “Dizem-se umas coisas; saltita-se de um lado para o outro sem um fio coerente. Alguém dizia: «Eu cá não sei, mas digo que…»”. E sublinhou: “Há confusão de pensamento, perde-se o fio à meada por causa de uma retórica vazia feita de mil estratagemas e frases repetidas”.

E com o desemprego, que afecta sobremaneira os jovens, estamos a contribuir para a criação de “uma geração posta de lado, porque os mais velhos taparam os empregos e os lugares nas chefias”. Contudo, o Bispo do Porto afiançou que “houve uma mudança na relação com a liberdade, que passou a ser entendida como possibilidade de escolha”.

D. Manuel Clemente denunciou também que sobrevivem hoje os preconceitos oitocentistas que “reduziam a religião no espaço público”, salientando que “somos temerosos em relação à presença da religião no espaço público”.

Referindo-se aos tempos que vivemos, José Manuel Fernandes garante que é necessário “dar outros passos”. “Não vai haver revolução, espero eu. Não vai haver um novo Salgueiro Maia porque seria muito mau sinal que uma coisa dessas pudesse acontecer.”

A finalizar, D. Manuel lembra que a história está cheia de exemplos do que deve ser a luta cívica, e considera que “as armas não são solução na evolução das sociedades”. Recordou, então, figuras históricas que se notabilizaram pela participação em nome do bem comum. “No século XX houve muita gente que quis resolver as coisas de outra maneira e fazer guerras para acabar com guerras, que se saldaram em milhões de mortes. Não foi o que fez Mandela, Luther King ou Gandhy. Não são utopias. Estas coisas têm lugar e o lugar é o coração dos homens de boa vontade. É uma coisa bonita para acabar a noite.”

FM/LFS

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