Igreja/Trabalho: Governo e Assembleia da República ignoram «denúncias proféticas» da Liga Operária Católica

LOC/MTC tem «acertado» sempre nas posições tomadas durante os seus 75 anos em Portugal, diz antigo presidente

Vila Nova de Famalicão, Braga, 27 Jan (Ecclesia) – O Governo e a Assembleia da República “não têm estado atentos aos apelos e denúncias proféticas” que a Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) tem feito, considera um antigo responsável deste organismo.

“Se tivessem atenção aos gritos lancinantes dos trabalhadores, certamente que não estaríamos a viver nesta situação”, afirmou José Maria Carneiro Costa, de 56 anos, à Agência ECCLESIA.

O presidente da LOC/MTC entre 1995 e 2001 sublinha que o organismo tem “acertado” sempre nas posições tomadas durante os seus 75 anos em Portugal, intervindo “numa atitude de antever as crises que se aproximam”.

Ao mencionar o primeiro mandato como presidente, entre 1995 e 1998, José Carneiro Costa recorda que na altura “discutia-se muito a redução dos tempos de trabalho”, nomeadamente “a luta dos trabalhadores pelas 40 horas, sobretudo no sector têxtil”.

“Veja-se só a mudança desde aí até hoje”, constatou José Carneiro Costa ao referir-se à medida que se propunha combater o desemprego.

O triénio de 1998 e 2001 ficou assinalado por um manifesto da LOC sobre a “partilha das riquezas” que propunha a alteração das leis sobre a fiscalidade, “procurando tributar as mais-valias e as maiores fortunas”, explicou.

“Só agora, passados 10 anos, é que o Governo e a Assembleia da República estão a tomar algumas das medidas que a LOC já preconizava em 2001”, salientou o actual dirigente numa associação em Vila Nova de Famalicão.

José Carneiro Costa reconhece que houve um período em que a hierarquia da Igreja “não ia muito com os movimentos da Acção Católica, concretamente com os operários”, uma situação que mais tarde se alterou.

O antigo presidente dá como exemplo a contribuição que a LOC/MTC ofereceu ao texto ‘O trabalho na sociedade em transformação’, que a Conferência Episcopal Portuguesa publicou em 2002 no contexto do processo de aprovação do Código do Trabalho.

A LOC/MTC, fundada em 1936, assinala este ano o seu 75.º aniversário com um conjunto de iniciativas subordinadas ao tema ‘Com a audácia do passado, recriar a humanização do trabalho’.

No próximo dia 30 de Janeiro, em Lisboa (igreja do Sagrado Coração de Jesus), o cardeal patriarca, D. José Policarpo, preside à missa integrada no encontro nacional que marca o início das celebrações.

RM

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