70 por cento das instituições de solidariedade social registaram mais pedidos de apoio para alimentação, diz estudo da UCP
A rede do Banco Alimentar Contra a Fome (BACF) dá apoio alimentar a mais de 66 mil famílias, o que corresponde a mais de 200 mil pessoas, segundo uma análise da Universidade Católica divulgada este Domingo.
O estudo mostra que nos últimos três anos, mais de 70 por cento das instituições de solidariedade social registaram mais pedidos de apoio para alimentação, situação atribuída sobretudo pelo aumento do desemprego.
“É a vulnerabilidade económica decorrente quer do aumento do desemprego, quer das baixas reformas, que, a par de ruturas familiares, estão na base do aumento da procura alimentar”, conclui a análise.
O inquérito do Centro de Estudos e Sondagens da Católica foi respondido por 1500 organizações de solidariedade que integram a rede do Banco Alimentar, num universo de mais de 3200 instituições.
Com base nas respostas, a análise estima que as instituições prestem apoio alimentar a 66 500 famílias, a que correspondem 239 470 pessoas.
Cerca de metade daqueles que recorrem a instituições de solidariedade social têm menos de 250 euros por mês para viver, indica ainda o estudo, fruto de uma parceria com o Banco Alimentar e a Associação Entreajuda.
Oo Centro de Estudos e Sondagens da Católica realizou entre Junho e Outubro deste ano uma análise à realidade dos utilizadores do apoio das instituições de solidariedade, que abrangeu mais de 550 organizações.
Os dados revelados indicam que mais de um quinto das pessoas que procuram instituições de solidariedade sente falta de alimentos pelo menos uma vez por semana. 27 por cento mencionaram estar um dia inteiro sem comer algumas vezes por semana ou pelo menos uma vez.
“Vinte por cento diz não ter comida até ao final do mês, 32 por cento diz que tal acontece às vezes e 49 por cento diz ter sempre comida até ao fim do mês”, refere ainda o estudo.
Numa análise aos gastos dos utentes das instituições de solidariedade social, as despesas com alimentação e casa são as que mais pesam na fatia da verba mensal disponível, seguidos dos gastos com médicos e medicamentos.
Cerca de um terço dos inquiridos contraíram empréstimos, a esmagadora maioria para a compra de casa, mas só menos de metade dizem pagar sempre as mensalidades.
Da análise resulta ainda que quatro em cada dez pessoas só compram os medicamentos quando têm dinheiro ou optam pelos mais baratos, não conseguindo adquirir sempre os remédios que são receitados pelo médico.
Redacção/Lusa