Card.Newman beatificado em visita histórica

Mais de 50 mil pessoas com Bento XVI na Missa celebrada em Birmingham

Bento XVI beatificou este Domingo em Birmigham, Inglaterra, o Cardeal John Henry Newman, uma das maiores figuras eclesiais no século XIX.

Perante mais de 50 mil pessoas, que assinalaram com palmas o momento solene, o Arcebispo de Birmingham, D. Bernard Longley, pediu formalmente que o Papa beatificasse John Henry Newman e o vice-postulador da causa de canonização leu uma pequena biografia.

Bento XVI proferiu, em seguida, a fórmula de beatificação, anunciando que a festa litúrgica do Beato Newman será celebrada a 9 de Outubro, precisamente a data da sua conversão, em 1845.

Um retrato gigante do novo beato foi descerrado e as suas relíquias colocadas junto ao altar, antes de o Papa cumprimentar o Arcebispo local e o vice-postulador da causa do Cardeal Newman, que continuará agora a trabalhar para a sua canonização, último degrau da «escada» de santidade já percorrida.

Esta é uma opção simbólica, mostranto que o Papa quer apresentar o Cardeal inglês, respeitado por crentes e não crentes, como modelo de pensador e líder espiritual numa altura em que a Igreja Católica atravessa um momento delicado.

Forte influência na vida e pensamento de Joseph Ratzinger, Newman é reconhecido como um notável escritor, pregador e teólogo, que James Joyce apelidava o “maior dos escritores ingleses em prosa”.

Nascido em Londres a 21 de Fevereiro de 1801 e falecido a 11 de Agosto de 1890, John Henry Newman converteu-se do anglicanismo ao catolicismo aos 44 anos.

Antes da sua conversão, foi uma das figuras principais do Movimento de Oxford, que procurava aproximar das suas raízes a Igreja Anglicana da Inglaterra, na qual era clérigo.

Após a sua conversão foi ordenado padre católico em Roma, no ano de 1847, e encorajado pelo Papa Pio IX regressou à Inglaterra, onde fundou o oratório de S. Filipe Neri.

Escritor prolífico, como recorda o Vaticano na sua biografia oficial, Newman abordou diversas matérias com destaque para a relação entre fé e razão, a natureza da consciência e o desenvolvimento da doutrina cristã, obras que lhe valeram grande reconhecimento do mundo católico e que influenciaram mesmo o Concílio Vaticano II, nos anos 60 do século XX.

Em 1879, com 78 anos de idade, foi criado Cardeal por Leão XIII, tendo morrido no ano de 1890, em Birmingham.

A 22 de Janeiro de 1991, o Cardeal Newman foi declarado venerável por João Paulo II, uma vez comprovada a heroicidade das suas virtudes.

Durante o processo de beatificação, os seus restos mortais foram transladados do pequeno cemitério de Rednall Hill, nos subúrbios de Birmingham, onde estava enterrado juntamente com Ambrose St. John, também convertido ao catolicismo, para o Oratório São Felipe Neri de Birmingham.

Bento XVI sempre teve um interesse pessoal nesta causa e é um apreciador da teologia do Cardeal Newman, já desde os tempos em que era um jovem seminarista na Alemanha, o que justifica que, pela primeira vez no actual pontificado, o Papa abra uma excepção à prática que implementou e presida pessoalmente a uma beatificação.

“Newman pertence deveras aos grandes doutores da Igreja, porque ele toca ao mesmo tempo o nosso coração e ilumina o nosso pensamento”, disse o então Cardeal Ratzinger sobre este Cardeal inglês, em 1990.

A beatificação, a primeira a ter lugar em solo inglês, acontece após a Congregação para as Causas dos Santos ter reconhecido em 2008 que a cura de uma lesão na coluna vertebral de Jack Sullivan, diácono permanente de Boston, Massachussets, não encontrava “explicação médica”, podendo ser considerada como milagre.

O Cardeal Newman foi uma figura muito popular no seu tempo: a sua conversão teve grande impacto na sociedade vitoriana e restaurou o prestígio da Igreja Católica na Inglaterra.

A sua autobiografia espiritual “Apologia pro vita sua” (1864) é vista por muitos como a maior obra do género desde as célebres “Confissões”, de Santo Agostinho.

É este o homem escolhido por Bento XVI para o momento mais importante da sua primeira visita de Estado ao Reino Unido, que decorre desde 16 de Setembro, um Cardeal inglês que o actual Papa apresentou recentemente com “extraordinário exemplo de fidelidade à verdade”, mesmo “à custa de um considerável sacrifício pessoal”.

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