Síntese entre anúncio do Evangelho e o diálogo com a cultura local

A 11 de Maio de 1610 terminava a vida terrena o “grande missionário, verdadeiro protagonista do anúncio do Evangelho na China” que foi o padre Mateus Ricci. Assinalando este quarto centenário, Bento XVI recebeu neste sábado de manhã, na Sala das Audiências, no Vaticano, milhares de peregrinos provenientes da diocese italiana de Macerata, terra – natal do famoso missionário jesuíta.

“A história das missões católicas compreende figuras de grande estatura pelo zelo e pela coragem de levar Cristo a terras novas, distantes, mas o Pe. Ricci é um caso singular de síntese feliz entre o anúncio do Evangelho e o diálogo com a cultura do povo ao qual o levava, um exemplo de equilíbrio entre clareza doutrinal e prudente acção pastoral”.

Bento XVI observou que a obra deste missionário apresenta “duas vertentes a não separar: a inculturação chinesa do anúncio evangélico e a apresentação à China da cultura e da ciência ocidentais”.

Embora frequentemente tenham sido os aspectos científicos a suscitar mais interesse – reconheceu o Papa, contudo “há que não esquecer a perspectiva com a qual Pe. Ricci entrou em relação com o mundo e a cultura da China: um humanismo que considera a pessoa inserida no seu contexto, cultivando os respectivos valores morais e espirituais, captando tudo o que de positivo se encontra na tradição chinesa e oferecendo a ocasião de a enriquecer com o contributo da cultura ocidental, mas sobretudo com a sapiência e a verdade de Cristo”.

O Padre Ricci – insistiu Bento XVI – não se desloca à China para ali levar a ciência e a cultura do Ocidente, mas sim para levar o Evangelho e para dar a conhecer Deus. “É precisamente ao mesmo tempo que leva o Evangelho que o P. Ricci encontra nos seus interlocutores o pedido de um confronto mais amplo, de tal modo que o encontro motivado pela fé, torna-se também diálogo entre culturas; um diálogo desinteressado, livre de intentos de poder económico ou político, vivido na amizade, que faz da obra do P. Ricci e dos seus discípulos um dos pontos mais altos e felizes na relação entre a China e o Ocidente”.

Com Rádio Vaticano

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