Papa visita nova igreja de Fátima pela primeira vez

Espaço é da autoria do grego Alexandros Tombazis, ortodoxo

Bento XVI visita hoje pela primeira vez a nova igreja da Santíssima Trindade, inaugurada em Outubro de 2007 pelo Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano.

O edifício foi projectado pelo arquitecto greco-ortodoxo Alexandros Tombazis e quis ajudar a projectar uma nova imagem do Santuário, abrindo um novo pólo simbólico, litúrgico e artístico.

A nova igreja da Santíssima Trindade tem forma circular, com 125 metros de diâmetro, e é sustentada por dois grandes pilares, que suportam toda a cobertura e evitam colunas no interior do templo. O projecto combina a luz e a tecnologia, procurando respeitar a atmosfera de Fátima.

Com um volume de quase 130 000 metros cúbicos e uma altura média de 15 metros (a altura exterior ultrapassa levemente a actual colunata, permanecendo a torre da Basílica como o elemento dominante), a nova igreja de Fátima tem uma nave central de 8800 lugares sentados, configurada para duas capacidades diferentes: um primeiro espaço para 3500 pessoas, separado por um biombo, poder ser completamente aberto em caso de necessidade. No altar foi colocada uma pedra retirada do túmulo de S. Pedro, oferecida pelo Vaticano.

O interior da igreja é iluminado pelo tecto, através de janelas viradas para Norte (sheds), dando prioridade à luz natural. Será possível mudar a iluminação, em diferentes lugares e com diferentes intensidades, com a ajuda de um sistema computadorizado. Simbolicamente, a orientação dos sheds lança o olhar em direcção à Basílica já existente.

As preocupações com o espaço litúrgico passaram pela centralidade do altar, a facilidade na deslocação no interior da igreja e, também, com os aspectos acústicos.

O despojamento da igreja é “compensado” pelas obras de arte encomendadas a artistas internacionais, com destaque para o painel de 500 metros quadrados, atrás do altar, em ouro e terracota.

A obra é da autoria do Pe. Ivan Rupnik, jesuíta esloveno famoso pelo seu trabalho na capela Redemptoris Mater, no Palácio Apostólico do Vaticano. Com uma equipa de 20 artistas de 8 países conseguiu, em menos de um mês, dar vida a um espaço de luz, sem sombras, que entra em forte contraste com a grande e pesada cruz que se eleva sobre o altar.

Além das cerimónias religiosas, há espaços polivalentes que podem ser também utilizados para acolher grandes eventos que decorram em Fátima.

Os espaços exteriores são pavimentados com calçada portuguesa (cerca de 22 mil metros quadrados), sendo possível encontrar uma referência a textos bíblicos em 23 línguas sobre a unidade e a trindade de Deus, logo junto à porta central.

O edifício tem 13 portas: 12 laterais dedicadas aos Apóstolos, em bronze, e a porta central, de 64 metros quadrados (divididos por três espaços), que terá “efeitos artísticos” sobre Deus e a Santíssima Trindade. 20 elementos laterais fazem referência aos Mistérios do Rosário.

O espaço conta com estátuas dos Papas Pio XII, Paulo VI e além de D. José Alves Correia da Silva (primeiro Bispo depois da restauração da Diocese).

Naturalmente, João Paulo II tem um lugar de destaque, com uma estátua junto à Cruz Alta e uma frase do Papa polaco a ficarem perto da entrada principal. As palavras inscritas são de uma oração à Santíssima Trindade, que o próprio fez na Capelinha das Aparições, ao iniciar a sua peregrinação de 1982.

O complexo inclui 3 capelas da Reconciliação, que servirão também para outras celebrações. A “zona da reconciliação” é composta por uma área para peregrinos portugueses, com salão-capela de 600 lugares sentados e 32 gabinetes/confessionários, e outra área para peregrinos estrangeiros, com 2 capelas de 120 lugares cada e 32 gabinetes/confessionários.

O átrio dos Apóstolos Pedro e Paulo, com um corredor de 150 metros, serve para a preparação das pessoas que desejam confessar-se. Tem painéis assinado por Siza Vieira, actualmente em fase de elaboração.

A meio deste corredor encontram-se dois lagos, espelhos de água, um alusivo ao Baptismo (água a cair) e outro à Criação (água a jorrar). Entre estes dois espelhos há uma ligação de acesso ao espaço de convívio que adoptou o nome de Santo Agostinho.

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