Jornadas de actualização do Clero da Província Eclesiástica de Évora

Os Presbíteros das três Dioceses do sul do País, Évora, Beja e Faro, reunidos com os seus Bispos, nos dias 25 a 28 de Janeiro deste Ano Sacerdotal, em Montemor-o-Novo, nas jornadas de actualização do clero promovidas pelos Instituto Superior de Teologia de Évora, em número de setenta, tendo participado também cerca de dez diáconos, reflectiram, partilharam e rezaram em conjunto, tendo, no final dos trabalhos, chegado às seguintes conclusões:

1. Num mundo marcado pelo neo-iluminismo racionalista e relativista; numa sociedade, como a portuguesa, em que tarda a implantação de reformas no campo social, económico e político, gerando instabilidade e confusão; os padres assumem que o essencial continua a ser o anúncio e o testemunho do amor de Jesus Cristo.

2. Ao longo da história da Igreja, o paradigma do padre não foi sempre igual e derivou da própria noção da Igreja. Hoje, reconhecemos que o paradigma do pastor, à maneira do Bom Pastor, que é Cristo, se deve desenvolver no serviço à comunidade, emergindo a figura do padre como homem de Deus e mistagogo da experiência cristã.

3. É no dinamismo das mediações que se pode compreender o ministério presbiteral: o padre é alguém chamado por Deus e enviado para o serviço da comunidade para que o mundo creia e seja salvo (ver Jo 3,17-18). Tanto o ministério episcopal como o presbiteral procedem do próprio Cristo e a relação entre o Bispo e o Presbítero há-de entender-se a partir desta comum origem e igual finalidade, que é o bem de todo o Povo de Deus.

4. Analisando a maior parte dos textos do Novo Testamento, surpreende a ausência de vocabulário sacerdotal para se referir à mediação de Cristo. Mas o autor da carta aos Hebreus apresenta-nos uma teologia do sacerdócio de Cristo, que rompe com as concepções do Antigo Testamento: Cristo é Sumo Sacerdote porque “se assemelhou em tudo aos seus irmãos” (Heb 2,17), ao contrário dos sacerdotes da Antiga Aliança que o eram por separação dos restantes membros da comunidade. Assim sendo, os sacerdotes à maneira de Cristo são os que são possuídos de uma imensa misericórdia ao estilo do Bom Pastor, e que guiam as comunidades porque se dispõem a ir à frente no seguimento de Cristo.

5. Exercemos o nosso ministério presbiteral numa Igreja que se compreende a si mesma como comunhão de todos os membros do corpo de Cristo, e onde a comunhão hierárquica, ao estilo do pastor, confere à própria comunhão uma figura própria: o presbítero está em comunhão com o bispo, com os outros presbíteros e todos os fiéis. Daqui resulta que, a primeira missão do presbítero é construir a comunhão, começando pela comunhão com o bispo e com os outros presbíteros, exigida pelo sacramento da Ordem.

6. Os presbíteros aqui presentes, quer os que pertencem ao clero dito religioso, quer ao secular, afirmam que a complementaridade e a diferença é um enriquecimento para a vida da Igreja e que, nos tempos que correm, a necessária criatividade no campo da pastoral pode brotar desta diferença e ser um sinal do dinamismo da Igreja.

7. Nesta época de mudança cultural e de diminuição do número de sacerdotes, a missão do padre continua a ser considerada nuclear para as comunidades cristãs. E a pastoral vocacional, tarefa de toda a Igreja enquanto comunidade de chamados, depende muito do testemunho e do acompanhamento espiritual prestado pelo sacerdote.

8. Os leigos esperam que o sacerdote seja testemunho do amor de Cristo, homem culto, ao mesmo tempo compreensivo no meio das dúvidas e corajoso nas adversidades. Os sacerdotes que estiveram presentes nesta semana de actualização puderam manifestar estes propósitos, e partilhar a alegria e a felicidade de ser padres. Hoje, como no dia da sua Ordenação, continuam firmes nos seus projectos. 

Montemor-o-Novo, 28 de Janeiro de 2010

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