Reconhecimento mútuo dos Baptismos entre as Igrejas cristãs não pretende evitar burocracias nas conversões religiosas. É uma questão decisiva No dia em que D. Manuel Felício confirmou à agência ECCLESIA que as Igrejas cristãs em Portugal caminham para o reconhecimento mútuo dos Baptismos, é preciso lembrar que esta decisão ultrapassa em muito o plano “burocrático” de se evitar um novo Baptismo, quando alguém decide mudar de Igreja. O decreto sobre o ecumenismo do Concílio Vaticano II, “Unitatis Redintegratio”, lembra no seu n.º 3 que todos os cristãos “justificados no Baptismo pela fé, são incorporados a Cristo, e, por isso, com direito se honram com o nome de cristãos e justamente são reconhecidos pelos filhos da Igreja católica como irmãos no Senhor.” João Paulo II, na sua encíclica sobre a Unidade dos Cristãos, “Ut Unum Sint”, assegura que o reconhecimento dessa fraternidade “não é a consequência de um filantropismo liberal ou de um vago espírito de família, mas está enraizado no reconhecimento do único Baptismo” (n.º 42). O “Directório para a aplicação dos princípios e das normas sobre o ecumenismo” pede explicitamente um reconhecimento recíproco e oficial dos Baptismos. Isto está muito para além de um simples acto de cortesia ecuménica e constitui uma afirmação básica na concepção do que é a Igreja, lembra o Papa. As implicações teológicas, pastorais e ecuménicas do Baptismo comum são muitas e importantes. Definido-se uma unidade fundamental, embora ainda parcial, pode-se passar, como defende a encíclica de João Paulo II, “àquela unidade visível, necessária e suficiente, que se inscreva na realidade concreta, para que as Igrejas realizem verdadeiramente o sinal daquela comunhão plena na Igreja una, santa, católica e apostólica, que se há-de exprimir na concelebração eucarística” (n.º78). O compromisso que as Igrejas cristãs em Portugal desejam assumir reveste-se, assim, de uma importância central, no sentido em que constitui um passo decisivo no caminho da Unidade. Notícias relacionadas • Igrejas cristãs em Portugal caminham para o reconhecimento mútuo do Baptismo
