Emmanuel Milingo deixa de ser Bispo

Pena decretada pela Santa Sé acumula com a excomunhão para o próprio e os Bispos por ele ordenados sem mandato do Papa

A Santa Sé anunciou hoje a “demissão do Estado clerical” do antigo Arcebispo de Lusaka, Emmanuel Milingo, em consequência dos “graves delitos” de que o acusa.

Segundo o comunicado oficial divulgado pela sala de imprensa do Vaticano, a “persistente contumácia” de Milingo, que tem afrontado sistematicamente a hierarquia católica e já em 2006 fora excomungado com os quatro sacerdotes casados que ordenara como bispos. Nos últimos meses voltou a proceder a ordenações episcopais.

Milingo criou uma associação de padres casados, o grupo “Married Priests Now”. As relações de Milingo com o Vaticano complicaram-se quando o arcebispo de Lusaca se casou em 2001 com uma sul-coreana que lhe foi apresentada em Nova Iorque pelo reverendo Sun Myung Moon.

Posteriormente, Milingo foi acusado de praticar exorcismo e de promover credos indígenas africanos através de exorcismos em massa e cerimónias de tratamentos. Emmanuel Milingo foi nomeado bispo da arquidiocese de Lusaka em 1969, pelo Papa Paulo VI.

Segundo o cân. 292 do Código de Direito Canónico, a pena de demissão do estado clerical implica a perda dos direitos e deveres ligados ao mesmo, excepto a obrigação do celibato, e a proibição do ministério, a não ser em casos nos quais exista perigo de morte.

A partir de agora, é considerada “ilegítima” a participação dos fiéis em quaisquer novas celebrações promovidas por Emmanuel Milingo.

A nota hoje divulgada destaca que “a demissão do estado clerical de um Bispo é um facto absolutamente excepcional, ao qual a Santa Sé se viu obrigada pela gravidade das consequências que derivam para a comunidade eclesial da sequência de ordenações episcopais sem mandato pontifício”, manifestando “esperança” numa mudança de comportamentos de Milingo.

A Santa Sé assegura que há vários anos “segue com particular” sofrimento estes acontecimentos, lembrando as intervenções directas de Bento XVI e João Paulo II para promover a “comunhão”.

Emmanuel Milingo é acusado de “multiplicar intervenções nos meios de comunicação social, em aberta rebelião com as intervenções da Santa Sé, criando grave confusão e escândalo nos fiéis”.

A nota oficial considera que Milingo “não deu provas do esperado arrependimento, tendo em vista o regresso à plena comunhão com o Sumo Pontífice e com os membros do colégio episcopal”, “atentando novos delitos contra a unidade da santa Igreja”.

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