Cremação: Bispo elucida posição da Igreja

O Bispo de Setúbal publicou uma Nota Pastoral sobre a Cremação dos Corpos, na qual explica que "a Igreja, embora recomende a prática da sepultura, aceita a possibilidade da cremação". D. Gilberto Canavarro Reis lembra que o actual ritual das exéquias contém "os ritos adequados a este procedimento".

O documento, publicado no site da Diocese (http://www.diocese-setubal.pt/), admite a existência de dúvidas nesta matéria: "Alguns cristãos, perante a opção pela cremação, perguntam se um católico que pediu a cremação do seu corpo pode ter exéquias cristãs".

D. Gilberto Reis destaca que "apenas nos casos em que a cremação fosse pedida por alguma razão contrária à fé, a Igreja recusaria a celebração das exéquias, incluindo a Missa exequial".

"Nas exéquias daqueles que pediram a cremação, os que presidirem, incluindo os fiéis leigo devidamente autorizados, hão-de preparar e conduzir cuidadosamente a celebração de modo a evitar o escândalo ou o indiferentismo religioso dos que sejam levados a interpretar a cremação como negação do valor do corpo humano que foi morada do Espírito de Deus ou como descrença na sua futura ressurreição em Cristo", indica o prelado.

De facto, o Código de Direito Canónico, no seu cânone 1176 (parágrafo 3) refere que "a Igreja recomenda vivamente que se conserve o piedoso costume de sepultar os corpos dos defuntos, mas não proíbe a cremação, a não ser que tenha sido preferida por razões contrárias à doutrina cristã".

O Bispo de Setúbal sublinha que "sendo a sepultura do cadáver imagem da sepultura do corpo do Senhor, retirado da cruz, a Igreja recomenda aos fiéis o costume tradicional da sepultura".

"No caso de cremação, é desejável que os ritos exequiais se celebrem do mesmo modo como se celebram para os que são sepultados, isto é, tenham lugar numa igreja ou capela e incluam a encomendação e a despedida, antes da deslocação do corpo para o lugar da cremação", refere a nota.

Neste lugar, prossegue D. Gilberto, "poderão ter lugar os ritos previstos para o cemitério, segundo as indicações do Ritual". Outros procedimentos carecem de autorização do respectivo Bispo.

A nota considera "oportuna uma catequese esclarecedora e progressiva, feita por todos os que têm responsabilidades na educação da fé, especialmente os sacerdotes, sobre o sentido cristão da morte e dos ritos litúrgicos com que a Igreja exprime e ensina a fé e a esperança na ressurreição".

Em 2006 foi publicado o novo Ritual das Exéquias, com a principal novidade da presença de um capítulo especialmente orientado para o caso em que se faz a cremação do cadáver.

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