Todos os capelães prisionais estão disponíveis para receber presos de Guantanamo. Dando eco a desafios humanos e cristãos, “auscultei os responsáveis pelas capelanias prisionais e percebi que era unânime a disponibilidade para receber nos nossos estabelecimentos prisionais reclusos de Guantanamo”, explica à Agência ECCLESIA, o Pe. João Gonçalves, Coordenador Nacional das Capelanias Prisionais Esta declaração foi tornada público esta manhã, no decorrer do Encontro Nacional de Capelães das Prisões, que decorre em Fátima até amanhã, dia 13. “Do ponto de vista humano e cristão estamos disponíveis”, afirmou o responsável nacional, acrescentando que “cerca de um quinto da população das nossas prisões já são estrangeiros”. Também D. António Vitalino, Presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana, em entrevista ao Programa Ecclesia a emitir hoje, Segunda-feira, manifesta-se favorável ao acolhimento de prisioneiros de Guantanamo, campo de prisioneiros situado em Cuba. Esta disponibilidade foi manifestada a Clara Albino, Directora Geral dos Serviços Prisionais, presente no Encontro Nacional, a quem foi pedido que levasse esta disponibilidade ao Ministro da Justiça, Alberto Costa, e ao Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado. Sobre a lotação dos Institutos Prisionais, o Pe. João Gonçalves afirma caber ao Ministério da Justiça saber se existe capacidade ou não. “Mas se o Ministério está disponível para acolher as pessoas é porque entende que há condições para as receber e poder dar-lhes uma vida capaz e com a dignidade humana que qualquer ser humano merece”. Os capelães e visitadores católicos estão reunidos em Fátima para o encontro nacional com o objectivo de aprofundar a vocação de “anunciadores de esperança. Acreditamos que as pessoas que estão na prisão são pessoas a reabilitar”, frisa o Pe. João Gonçalves. «Prisões em Portugal – Hoje e Amanhã» marca precisamente a esperança que os capelães querem deixar. O responsável nacional afirma que todos os que trabalham nesta área – serviços prisionais, Ministério, reinserção social, voluntários – “devem trabalhar em conjunto para criar processos de esperança e de reinserção”. O Pe. João Gonçalves aponta a possibilidade de os reclusos estarem ocupados com trabalho ou estudo. No fundo “trata-se de trabalhar pela capacitação ou recapacitação com vista à sua reinserção social, pois é isso que se quer”. As penas de prisão “não podem ser exclusivamente punitivas, mas têm de reabilitar”. Por isso, o sistema prisional está apostado em criar condições “na aquisição de mais profissionais da área, para que a reabilitação e reinserção seja mais eficiente”. O responsável nacional das capelanias prisionais defende ainda um passo à frente nas respostas típicas na pastoral penitenciaria. A presença dos capelães e de voluntários ligados à capelania é uma “resposta efectiva”. As áreas a desenvolver são “as da reinserção e prevenção”. O Pe. João Gonçalves aponta que as dioceses do país devem organizar-se em comissões de pastoral penitenciária. “Quando as dioceses estiverem organizadas com verdadeiras comissões, logo se percebe que há um trabalho de atenção e as pessoas mobilizam-se para fazer um trabalho de prevenção junto dos mais novos e das famílias”. Quando necessário, as paróquias ou dioceses “podem estar mais atentas e preparadas ao trabalho de reinserção”, sublinha. Também os voluntários necessitam de “preparação com maior profundidade”. O Pe. João Gonçalves aponta que este “é um trabalho importante que não pode ser feito apenas baseado na boa vontade sem uma necessária preparação”. As capelanias prisionais estão também a desenvolver um trabalho com os juristas. O responsável nacional foca o papel fundamental que os juristas podem ter “não só na aplicação das leis mas também na influência que podem ter junto dos magistrados e legisladores, para terem em conta a pessoas e a sua reabilitação e não apenas o delinquente”.