D. Armando Esteves Domingues presidiu à Eucaristia, na Sé de Angra, convidando ao movimento para «encontrar o caminho da esperança e da alegria, a saída da dor e do sofrimento»
Angra do Heroísmo, Açores, 25 dez 2024 (Ecclesia) – O bispo de Angra lembrou, na Missa da Noite de Natal, na Sé, que “Jesus nasceu cercado por dificuldades, pobreza e rejeição” e, tal como em Belém, continua a querer nascer nos locais menos expectáveis.
“Assim como em Belém, Ele continua a querer nascer nos lugares menos esperados: em corações feridos, em vidas desfeitas, em situações de guerra, de doença, de sofrimento e até atrás de grades ou de uma cama seja do hospital ou da casa de Recolhimento”, disse D. Armando Esteves Domingues, na homilia enviada à Agência ECCLESIA.
Neste Natal, “difícil para tantos pela ausência de paz”, o bispo diocesano ressalta que é necessário que cada um se coloque “em movimento, como os pastores que se puseram a caminho da gruta de Belém”.
“E este é um movimento que deve dizer respeito a toda a sociedade, porque só nos salvamos juntos. Se nos movermos juntos, podemos encontrar o caminho da esperança e da alegria, a saída da dor e do sofrimento para voltar a sonhar um mundo fraterno”, destacou.
D. Armando Esteves Domingues expressou o desejo de repetir a “quantos parece terem desistido de Deus, que Deus não desiste de ninguém”: “Ele só sabe amar, procurar e alimentar sonhos”.
No início da homilia, o bispo referiu-se à preparação até ao Natal, isto é, ao Advento, desejando que esta “não tenha ficado reduzida ao materialismo ou tendência individualista que se esvai como a prenda que se consome ou perde encanto”.
“Este ano, o meu [Advento] foi rico em encontros e celebrações com idosos e doentes, presos e sem abrigo. Foi rico também durante 10 dias na Ilha de São Jorge. Sinto o coração cheio pelas pessoas que conheci, saudei e abracei pessoalmente”, assinalou.
D. Armando Esteves Domingues revelou que sentiu “o privilégio de ser bispo e poder alimentar tantos relacionamentos pessoais, poder destravar sorrisos guardados em rostos fechados pelo sofrimento, a idade, a doença, a sensação de impotência e até abandono longe dos seus com quem quereriam estar”.
“No Natal não celebramos uma recordação, mas uma profecia”, sublinhou o bispo, acrescentando que “com Ele a história recomeça a partir das margens de pequenez, uma pequenez onde está todo o sofrimento humano, mas também todos os seus sonhos”.
“Se o permitirmos, Deus desce até cá abaixo para encontrar e tocar a todos, todos, todos com o seu amor sem limites, apagando o desespero e ajudando a recomeçar”, indicou.
A terminar a homilia, o bispo de Angra desejou que, neste Natal de 2025, “cada um sonhe um futuro de esperança construído com o encanto e ternura de Jesus, sem desperdiçar nada da vida que Deus lhe deu, nem poupar o potencial de amor que reina no seu ser mais profundo”.
Durante a tarde de hoje, o Papa Francisco celebrou a Missa com o rito de abertura da Porta Santa, tradição com 600 anos, que marca o início solene do Jubileu 2025 e à qual o bispo de Angra fez referência.
“Nós abriremos, no próximo domingo, como acontecerá em todas as catedrais do mundo. Antes, abrirá ainda o Papa uma porta muito significativa: a porta da cadeia romana de Rebibbia”, em Roma, a 26 de dezembro, referiu.
Lembrando que o jubileu celebrado normalmente de 25 em 25 anos relembra essa entrada na história do Cristo da misericórdia, D. Armando Esteves Domingues salientou que “neste Natal está no ar um sonho que se chama esperança”, tema do Ano Santo.
“Agarremo-lo porque ‘a Deus nada é impossível’”, frisou.
LJ