Vaticano: Papa diz que guerra na Ucrânia é «catástrofe vergonhosa» para a humanidade

Francisco alerta para «ameaça» nuclear e apela ao diálogo

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 20 nov 2024 (Ecclesia) – O Papa evocou hoje, no Vaticano, os mais de mil dias de guerra na Ucrânia, alertando para a ameaça “nuclear” do conflito com a Rússia.

“Ontem [19 de novembro] assinalaram-se mil dias desde a invasão da Ucrânia, uma ocasião trágica em termos de vítimas e da destruição que causou, mas ao mesmo tempo uma catástrofe vergonhosa para toda a humanidade”, referiu, no final da audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro.

Perante milhares de peregrinos, entre eles a primeira-dama da Ucrânia, Olena Zelenska, Francisco pediu ajuda para um povo “martirizado”.

O Papa convidou todos a “pedir a paz e trabalhar para que as armas deem lugar ao diálogo e o confronto ao encontro”.

A intervenção ficou marcada pela leitura da carta de um jovem universitário da Ucrânia, sobre a experiência de dor e de fé dos mais de mil dias de guerra.

“Viver numa cidade onde um míssil mata e fere dezenas de civis, assistir a tantas lágrimas, é difícil. Gostava de ter fugido, gostava de ter voltado a ser uma criança abraçada à minha mãe. Sinceramente, queria estar no silêncio e no amor. Mas agradeço a Deus o facto de, através desta dor, aprender a amar mais”, refere o texto.

O jovem pediu ao Papa que falasse de “mil dias de sofrimento”, mas também “dos mil dias de amor”.

“Porque só o amor, a fé e a esperança dão verdadeiro sentido às feridas, justificou.

Francisco encontrou-se esta manhã, antes da audiência geral, com os participantes do 12.º colóquio do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso com o Centro para o Diálogo Inter-religioso e Intercultural, de Teerão.

“O nosso mundo está dividido e dilacerado pelo ódio, tensões, guerras e ameaças de conflitos nucleares. Hoje, esta última ameaça é objeto de notícias. Esta situação leva-nos, crentes no Deus da paz, a rezar e a trabalhar pelo diálogo, a reconciliação, a paz, a segurança e o desenvolvimento integral de toda a humanidade”, apelou, perante responsáveis cristãos e muçulmanos.

O Papa sublinhou a necessidade de “falar e trabalhar pela dignidade e pelos direitos de cada pessoa, de cada comunidade e de cada povo”, em particular pela liberdade religiosa.

OC

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Agência ECCLESIA

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