«Dilexit nos»: «O coração é uma das metáforas humanas mais poderosas», afirma a cardiologista Sílvia Monteiro sobre a nova encíclica do Papa

Médica apela à colaboração de todos na construção de «uma Igreja inclusiva, missionária, em saída, de portas abertas»

Coimbra, 25 out 2024 (Ecclesia) – Sílvia Monteiro, cardiologista, afirma que a encíclica do Papa “Dilexit nos” (“Amou-nos”) é “seguramente a chave de leitura” do pontificado de Francisco, apela a uma Igreja de “portas abertas” e dita “o pulsar da vida e do amor”.

“O coração é uma das metáforas humanas mais poderosas, um órgão único que dita o pulsar da vida e do amor”, disse a médica na Unidade de Cuidados Intensivos Cardíacos, em Coimbra.

Referindo-se às afirmações do Papa, Sílvia Monteiro lembra que é necessário “voltar à centralidade do coração”, na vida com “um ritmo alucinante”, um tempo “marcado pela cultura do individualismo, da indiferença e do imediato, que privilegia a razão, a vontade e a liberdade”.

“É tempo de olhar para dentro, para o mais profundo do nosso ser, reconhecer as sedes que nos habitam e procurar a fonte que as pode saciar. Neste caminho interior, Jesus vem sempre ao nosso encontro, procura-nos na nossa fragilidade, na nossa pequenez, naquilo que somos e onde nos encontramos”, afirma.

Para a médica do Gabinete de Humanização Hospitalar na Unidade Local de Saúde de Coimbra é necessário “implementar uma verdadeira revolução da ternura” proposta pelo Papa Francisco, olhando a pessoa “de forma atenta e profunda”, escutando “com o ouvido do coração”, reconhecendo “o poder transformador do toque”, ajudando a “a encontrar um sentido para a vida de cada pessoa marcada pelo sofrimento e pela vulnerabilidade” e despertando “a consciência para a dor do outro”.

“A verdadeira felicidade encontra-se na felicidade do outro, no bem que se faz ao próximo e na construção de um mundo melhor”.

“Somos todos chamados a percorrer um caminho de felicidade, diria mesmo de santidade, construído de forma humilde naquilo que somos e fazemos, nas pequenas coisas do dia-a-dia, na pequena história que protagonizamos”, sublinha.

A médica na Unidade de Cuidados Intensivos Cardíacos afirma que “a experiência de cuidar de cada pessoa doente é sempre intensa” e refere-se a “pessoas com rosto, com história e com família”, onde a comunicação exige “um diálogo aberto e acolhedor, procurando falar com o coração e testemunhar a verdade no amor” e “exige um coração purificado e uma entrega por inteiro.

“O segredo da vida é amar. E o segredo do amor é cuidar”.

Para a cardiologista, a encíclica do Papa sobre que tem no centro a imagem do coração é apresenta “um Deus que é amor” e constitui “seguramente a chave de leitura do seu pontificado”.

“Com o nosso coração renovado e profundamente unido ao Coração de Cristo, tenhamos a coragem de colaborar com o Papa Francisco na difícil, mas importante, missão de construir uma Igreja inclusiva, missionária, em saída, de portas abertas, sem medo de percorrer as estradas do mundo e as periferias da humanidade, centrada no verdadeiro espírito do Evangelho”, afirma.

Sílvia Monteiro sublinha a necessidade de construir uma “Igreja sinodal” onde todos, leigos e consagrados, “caminhem em conjunto, iluminados pelo Espírito Santo e guiados apenas pela vontade de Deus”.

O Papa Francisco publicou esta quinta-feira a sal quarta encíclica ‘Dilexit nos’, que  depois das encíclicas ‘Lumen fidei’ (2013), que recolhe reflexões sobre a fé iniciadas por Bento XVI; ‘Laudato si’ (2015), documento que propõe uma ecologia integral, abordando questões sociais e ligadas ao meio ambiente; e ‘Fratelli tutti’ (2020), que recolher as reflexões de Francisco sobre a fraternidade e a amizade social.

PR

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