Media/Sociedade: «É muito preocupante a banalização da guerra» – José Pedro Frazão

Jornalista português lembra apelos do Papa, «domingo após domingo, em relação aos povos martirizados»

Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 10 out 2024 (Ecclesia) – José Pedro Frazão, jornalista da Rádio Renascença que acompanhou como repórter o conflito na Ucrânia, considerou “muito preocupante a banalização da guerra” presente em vários locais do mundo, sobretudo o “agravamento no Médio Oriente”.

“É muito preocupante a banalização da guerra. O Papa constantemente, domingo após domingo, faz essa referência em relação aos povos martirizados. Essa indiferença é, na minha perspetiva, muito preocupante e impele-nos a nós, por exemplo, Media, para forçarmos a visibilidade destas matérias”, disse à Agência ECCLESIA.

José Pedro Frazão, que já esteve várias vezes em reportagem na Ucrânia, desde que a guerra começou em fevereiro de 2022, lamenta que “pouco se fala do conflito na Ucrânia e naquilo que está a acontecer”, realça que, sobretudo, “o agravamento no Médio Oriente é bastante preocupante”, região que “é uma guerra contínua” que tem “ciclos de violência constantes”.

Segundo o jornalista da emissora católica portuguesa “há também uma espécie de congelamento por causa do ar político”, como as eleições norte-americanas, em novembro, “e poderá haver de mudanças”, a Europa também “está em compasso de espera”, está a aprovar os comissários europeus, as novas instituições europeias e o novo presidente do Conselho Europeu.

“Enquanto isso, morre gente, e sobretudo no Médio Oriente. Este alastramento ao Líbano e ao envolvimento, mais do que nunca, do Irão, levando daqui a este conflito muito cavado entre Israel e o Irão, é extremamente preocupante, também porque há falta aqui e há aqui também sinais de falência da chamada mediação”, desenvolveu.

Neste contexto, José Pedro Frazão explica que os Estados Unidos “não estão em condições de mediar”, e mediar significa também travar, “por exemplo, as intenções do governo israelita”, e dentro de Israel “existem tensões, Netanyahu é um primeiro-ministro altamente contestado”.

A Europa, por exemplo, foi importante para “ajudar a tentar acalmar a situação” no caso do programa nuclear iraniano, mas, hoje, para o jornalista português “a situação está muito descontrolada”, e vai ter efeitos na inflação, na questão da instabilidade e “num conjunto de outros parâmetros que naturalmente afetam Portugal”.

Sobre os Media, dos meios de comunicação social, quanto aos conflitos e guerras, o repórter da Rádio Renascença acrescenta que “nem sempre é possível” outro papel, até do ponto de vista “dos constrangimentos” no setor, e salienta o “pacote de apoio”, apresentado pelo Governo português esta semana, “para tentar dar um pouco mais de músculo financeiro às empresas de comunicação social”, “muitas da imprensa regional e local é muito relevante”.

José Pedro Frazão, neste contexto, mas no âmbito da literacia mediática, afirma que é preciso “ensinar as novas gerações” a distinguir entre informação e desinformação, “entre as redes sociais e os órgãos de comunicação social mais tradicionais”, e há algumas medidas nesta área que “parece a parte mais interessante do pacote apresentado pelo Governo”.

HM/CB/OC

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