Educação/Portugal: «Escolas católicas constituem uma grande rede de esperança» – cardeal Tolentino Mendonça

Prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação enviou mensagem ao II Congresso Nacional da Escola Católica, pedindo que a proposta educativa «seja uma voz original»

Foto: João Cláudio Fernandes

Fátima, 10 out 2024 (Ecclesia) – O cardeal português D. José Tolentino Mendonça afirmou hoje, numa mensagem em vídeo transmitida no II Congresso Nacional da Escola Católica, em Fátima, que estes estabelecimentos de ensino representam “uma grande rede de esperança”.

“Penso que hoje, na rede da geografia do nosso país, as escolas católicas constituem uma grande rede de esperança. São como faróis acesos e isso é muito importante, porque são pontos de referência credíveis, são pontes para um diálogo, são formas de presença estabelecida e que favorecem aquela amizade social e aquele sentido de fraternidade de que fala tanto o Papa Francisco”, afirmou o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação (Santa Sé).

O cardeal Tolentino de Mendonça considera que a “escola católica se torna para muitas famílias a oportunidade de intercetar a Igreja”, a “interface”, “a oportunidade de contacto com a Igreja e com a fé”, em ambientes em que a “secularização se faz cada vez mais sentir, onde o sentido de pertença a uma comunidade eclesial como que se esboroe continuamente”.

“Façamos então com que a nossa proposta educativa não seja uma entre muitas, mas seja uma voz original, uma voz que inspira, com força generativa, com substância e alegria, com verdadeira profecia no campo educativo. Nós precisamos de profetas no campo educativo”, exortou.

Para o colaborador do Papa, a educação “ajuda a fazer emergir o melhor de cada pessoa, a lapidar o diamante que o Senhor colocou em caminho”.

A educação contribui para que este diamante deixe passar a luz que é Cristo e assim brilhe no meio do mundo. Não desistamos, por isso, de propor horizontes de educação integral, onde se tecem relações que desmentem as antinomias dominantes”.

Na mensagem, o cardeal português sublinhou que a escola católica tem qude dizer que é possível, por exemplo, “aliar saberes e sabedoria”, “aliar tecnologia e virtudes humanas”, “conciliar racionalidade e emoção”, “investir em alto rendimento e inclusividade social” e realizar o potenciamento do humano e a “humilde abertura ao divino, ao sentido de Deus e da verdade”.

D. José Tolentino de Mendonça realçou que a esperança é o grande antídoto “contra o pessimismo dominante” e os “discursos de desistência”, acrescentando que a escola católica não desiste de “estar presente”, de “sonhar”, de “querer altos padrões éticos” e de ser “um foco de pensamento cristão”.

‘Escola católica – identidade e pacto num mundo global’ é o tema do II Congresso Nacional da Escola Católica, que decorre esta quinta e sexta-feira, no Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima.

Segundo o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação (Santa Sé), a identidade e pacto são um “binómio indissociável”, porque só a partir do aprofundamento da identidade, se pode contribuir “de forma coerente, fecunda e vital para o diálogo com outras realidades educativas e com o quadro social” onde operam.

“Precisamos saber quem somos. Tornar com renovada frescura ao pensamento da nossa vocação e missão como Escola Católica. Reconhecer que a Escola Católica tem uma natureza que não é apenas uma etiqueta, mas que efetivamente a caracteriza a partir de dentro e determina de forma criativa, certamente, mas também legível e precisa a sua fisionomia, o seu estilo, a sua aposta”, salientou.

“Uma Escola Católica tem de saber porque o é”, defendeu, frisando que “ser Escola Católica não é um traço acidental, mas é um modo efetivo e afetivo de presença e serviço”.

A propósito de um dos objetivos do Congresso (promover a identidade e a missão da escola católica), D. José Tolentino de Mendonça lembrou a instrução “A Identidade da Escola Católica para Uma Cultura do Diálogo”, do Dicastério para a Cultura e Educação, e sustentou que “não se pode realizar um pacto se não houver diálogo e caminho entre as partes”.

“Mas também, do mesmo modo, o diálogo corre risco de tornar-se inconsequente se não visar uma construção comum, se não for para celebrar também uma aliança”, advertiu.

O cardeal abordou ainda o Pacto Educativo Global, lançado pelo Papa Francisco, enumerando os sete compromissos e afirmando que uma missão importante deste congresso seria o “enamoramento” por esta iniciativa.

“O Pacto Educativo [Global], mais do que o manifesto no campo da educação, pede de nós uma nova visão, um novo modo de sentir, uma forma qualificada de estar”, enfatizou.

D. José Tolentino de Mendonça deu ainda ênfase aos 25 anos da Associação Portuguesa de Escolas Católicas (APEC), que o congresso assinala, e agradeceu pelo percurso desenvolvido até agora.

“Ao mesmo tempo, sabemos que comemorar um aniversário nos oferece espaço para agradecer, agradecer o bem realizado neste quartel de século, mas também é uma responsabilidade, porque implica perguntar o que é que somos chamados a fazer a partir daqui. E com o património constituído, qual é a nossa missão? O que é que podemos fazer mais e melhor?”, questionou.

Respondendo à pergunta, o cardeal considera que “é necessário renovar a paixão educativa e reforçar a associação, não só a nível nacional, mas também abri-la para lá das fronteiras, por exemplo, ao espaço da lusofonia, tornando-se assim uma força, uma voz ainda mais credível e ainda mais operante no debate sobre a educação”.

“Desejo sinceramente que este Congresso Nacional seja muito fecundo, que corresponda aos vossos objetivos e que, de certa maneira, até os surpreenda, porque os excede no entusiasmo e na mobilização para a missão”, concluiu.

Portugal conta com 122 escolas católicas, com mais de 65 mil alunos, 5300 docentes e 3300 trabalhadores não docentes.

LJ/OC

Educação: II Congresso Nacional da Escola Católica assinala 25 anos da APEC

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