Fátima: D. Virgílio Antunes evoca «experiência dramática» dos refugiados e exilados

Peregrinação internacional de agosto começa com alerta contra guerra, fome, perseguições e injustiças

Foto: Santuário de Fátima

Fátima, 12 ago 2024 (Ecclesia) – O bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes, recordou hoje a “experiência dramática” dos refugiados e exilados, falando na celebração da vigília da peregrinação internacional de agosto, em Fátima.

“De entre as sombras que obscurecem pessoas e povos, sobressai na atualidade a experiência dramática dos refugiados e exilados, devido à guerra, à fome, às perseguições, às injustiças, às políticas totalitárias, às condições de vida desumanas”, disse o responsável católico, na homilia que proferiu esta noite, no recinto de oração do santuário nacional.

A celebração, na Cova da Iria, integra a Peregrinação Nacional dos Migrantes, no âmbito da 52.ª Semana Nacional das Migrações, promovida pela Igreja Católica em Portugal, com o tema ‘Deus caminha com o seu povo’.

“Para Deus não há estrangeiros, há somente homens e mulheres que caminham sobre esta terra, uns porventura beneficiados pelas possibilidades de uma vida pacífica e com condições normais para a sua peregrinação, e outros que fogem do passado e almejam um presente e um futuro mais felizes. Para Deus não há estrangeiros, há filhos e filhas”, disse D. Virgílio Antunes.

O vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) falou numa “responsabilidade acrescida” perante a crise migratório, num momento de maior facilidade de comunicação e de conhecimento do passado.

“Em Portugal, na Europa e em tantos outros lugares do mundo, conhecemos esta realidade das migrações forçadas, dos refugiados e exilados, já não somente pelos meios de comunicação social, mas direta e pessoalmente”, precisou.

Temos vizinhos que são refugiados e exilados, trabalhamos com eles, encontramo-nos com eles nos mesmos bancos das igrejas e nas mesmas enfermarias dos hospitais; as crianças sentam-se às mesmas carteiras das salas de aula e brincam nos mesmos recreios das escolas”.

A intervenção começou por aludir às “noites escuras pessoais e de toda a humanidade”, como “a guerra, as perseguições, a discriminação de pessoas e de povos por muitas e diversas razões sem sentido”, bem como “os atentados contra a vida e a integridade dos irmãos”.

“Não pedimos outro milagre, aqui em Fátima, senão este do amor e o da fraternidade entre os povos, sabendo que é dom de Deus, fruto da nossa oração e também fruto da nossa conversão”, declarou D. Virgílio Antunes.

O programa oficial da peregrinação teve início às 21h30, com a recitação do rosário, na Capelinha das Aparições, antes da procissão das velas e da celebração da Palavra, no Altar do Recinto de Oração.

Os participantes foram convidados a rezar pelas vítimas do conflito na Ucrânia, pelos que deixam os seus países “fugindo da violência ou da miséria” e por todos os refugiados que são vítimas de perseguição religiosa.

O Santuário de Fátima anunciou a presença de 23 grupos organizados de peregrinos, dois de Portugal e 21 estrangeiros, de 12 países.

OC

O programa do dia 13 de agosto começa com a procissão eucarística no Recinto de Oração, às 07h00, seguindo-se o rosário na Capelinha, às 09h00.

A Missa, com a bênção dos doentes e a procissão do adeus, encerra as celebrações da peregrinação internacional.

Cumprindo uma tradição iniciada há 84 anos por um grupo de jovens da Juventude Agrária Católica de 17 paróquias da então diocese de Leiria, haverá a tradicional oferta de trigo.

Ao longo do ano de 2023, foram oferecidos ao Santuário de Fátima 5635 quilos de trigo e 477 quilos de farinha.

 

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Agência ECCLESIA

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