Igreja/Portugal: «Não somos só máquinas, não temos só de tratar o corpo» – diretor da Pastoral da Saúde

Padre Miguel Ângelo Costa adianta intenção de avançar com «voluntariado pastoral»

Foto: Agência ECCLESIA

Lisboa, 03 jul 2024 (Ecclesia) – O padre Miguel Ângelo Costa, diretor da Pastoral da Saúde da Igreja Católica em Portugal, realçou a importância de tratar o “humano integral”, na pastoral dos doentes, sem esquecer os profissionais de saúde.

“Não somos só máquinas, não temos só de tratar o corpo. Também temos de tratar o doente na dimensão espiritual, mas, por exemplo, alargar aos profissionais, que muitas vezes são esquecidos e acompanhamos nestas dimensões”, disse o responsável nacional, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O padre Miguel Ângelo Costa, que tem uma especialidade de Psicologia da Saúde e é capelão do Hospital de Braga, desde 1 de agosto de 2007, afirma que existe a “parte técnica, muito profissionalismo, colaboradores que dão tudo o que podem”, mas, depois, é necessário “agilizar também uma dimensão, muitas vezes esquecida, que é espiritual”.

Osacerdote da Arquidiocese de Braga foi nomeado coordenador das Capelanias Hospitalares e diretor nacional da Pastoral da Saúde, pelos bispos portugueses, na 209.ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), realizada de 8 a 11 de abril, em Fátima.

O especialista explica que a presença da assistência espiritual e religiosa em ambiente hospitalar em Portugal “é muito diferente ao longo do país, e ao longo dos tempos em dinâmica”, e tem conseguido “ultimamente” ser uma “presença mais completa, mais integral”.

Estarmos no humano integral, e passar mesmo desta pastoral dos enfermos, dos doentes, para a saúde. Este é o salto que temos de dar, passar para uma saúde que não é só ausência de doenças, isto é uma definição antiga, clássica, mas que, agora, temos de promover, não só cuidar da doença, mas sobretudo prevenir a saúde”.

O padre Miguel Ângelo Costa considerou “muito importante” que esta prevenção primária também exista “nas paróquias, a nível institucional, a nível político”.

O novo diretor nacional da Pastoral da Saúde da Igreja Católica em Portugal destacou também a “polifonia de crenças, e até, sem ser a nível religioso” que existe neste setor da assistência hospitalar, e se o acompanhamento “deve ser transversal a muitas dimensões humanas” também devem estar “todos nesta pintura”.

“Não é pela religião, não é por esta ou por aquela confissão, mas é, sobretudo, pelo doente. Ou seja, ele é o centro e é para ele que estamos. Como sabemos, o norte é predominantemente católico, por isso temos uma presença muito mais assídua, mais próxima, temos, como é nosso dever, os contactos de todos aqueles que estão mais próximos e são pedidos”, acrescentou, no Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2.

O padre Miguel Ângelo Costa, novo coordenador das Capelanias Hospitalares, explica que o assistente espiritual e religioso pode ser pedido pelo próprio paciente, “pode ser a família ou quem representa o doente”, e, depois, ajudam a “agilizar todas as burocracias, se for o caso, no acesso, horas, em caso de emergência”.

O especialista destacou ainda o papel dos leigos visitadores e a importância do silêncio, no acompanhamento dos doentes, que é “muitas vezes o melhor que se pode dizer”, porque “garante a companhia, pode dar espaço à reflexão”, e sobretudo, “a não dizer muitas asneiras”.

“Neste momento estamos a querer preparar também o voluntariado pastoral, mas agora com novas legislações de proteção e segurança de dados, e há várias limitações que estamos a trabalhar. Há muita vontade nas comunidades, mas temos que perceber que neste ambiente, e agora concretamente em hospital, é muito importante estarmos bem preparados, formação, termos perfil”, adiantou o padre Miguel Ângelo Costa.

PR/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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