Vaticano: Papa pede Igreja e socidade de «portas abertas» (c/vídeo e fotos)

Francisco presidiu à entrega do pálio a 42 arcebispos metropolitas, incluindo D. Rui Valério, patriarca de Lisboa

Cidade do Vaticano, 27 jun 2024 (Ecclesia) – O Papa pediu hoje, no Vaticano, que a Igreja e a sociedade tenham “portas abertas”, falando na entrega do pálio a 42 arcebispos metropolitas dos cinco continentes, incluindo D. Rui Valério, patriarca de Lisboa

“Em comunhão com Pedro e seguindo o exemplo de Cristo, porta das ovelhas, são chamados a ser pastores zelosos, que abrem as portas do Evangelho e que, com o seu ministério, ajudam a construir uma Igreja e uma sociedade de portas abertas”, disse aos responsáveis, na homilia da Missa a que presidiu na Basílica de São Pedro.

“Muitas vezes, as comunidades cristãs não aprendem esta sabedoria de abrir as portas”, acrescentou.

A celebração anual acontece na solenidade de São Pedro e São Paulo, padroeiros de Roma.

Os pálios, insígnias litúrgicas de honra e jurisdição que simbolizam a comunhão com a Igreja de Roma, ficaram desde a noite anterior junto do túmulo do apóstolo Pedro, o primeiro Papa da Igreja Católica, e foram transportados para junto de Francisco, que os abençoa e entrega a cada arcebispo, no final da Missa.

Perante responsáveis de todo o mundo, o Papa apontou ao próximo Ano Santo, o Jubileu de 2025, falando num “tempo de graça”.

“Abriremos a Porta Santa, para que todos possam atravessar o limiar daquele santuário vivo que é Jesus e, nele, experimentar o amor de Deus que revigora a esperança e renova a alegria”, indicou.

No início da celebração, após a bênção dos pálios, os metropolitas nomeados nos últimos 12 meses proferiram juramento, no qual cada um se comprometeu a ser “sempre fiel e obediente” ao “bem-aventurado Pedro apóstolo”, à “santa, apostólica Igreja de Roma”, ao Papa e seus “legítimos sucessores”.

Francisco destacou alguns momentos da vida dos apóstolos Pedro e Paulo, nos quais estes verificaram que “é o Senhor quem abre primeiro as portas” e leva ao “zelo pela evangelização”, rejeitando uma “espiritualidade intimista, consolatória”, como apresentam “alguns movimentos da Igreja”.

“Os dois apóstolos fizeram esta experiência de graça. Tocaram a obra de Deus, que lhes abriu as portas da sua prisão interior e também das prisões reais onde estavam encerrados por causa do Evangelho”, acrescentou.

Abriu-lhes, igualmente, as portas da evangelização, para que pudessem experimentar a alegria do encontro com os irmãos e irmãs das comunidades nascentes e levar a todos a esperança do Evangelho”.

A Eucaristia incluiu uma prece em português, na oração universal, para que “os povos da terra, promovendo a reconciliação e a verdadeira fraternidade, ponham um fim às guerras e respeitem a dignidade de cada pessoa”.

D. Rui Valério foi o terceiro responsável a receber o pálio, num grupo com cinco metropolitas do Brasil.

Como é tradição nesta celebração do dia 29 de junho, a celebração contou com a presença de uma delegação do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla (Igreja Ortodoxa).

“Obrigado por terem vindo manifestar o desejo comum da plena comunhão entre as nossas Igrejas. Envio uma saudação cordial ao meu querido irmão Bartolomeu”, declarou o Papa.

Devido aos problemas que afetam Francisco num joelho, a Missa foi celebrada no altar pelo decano do colégio cardinalício, cardeal Giovanni Re, e concelebrada por D. Rui Valério.

OC

Em 2015, Francisco decidiu modificar a celebração de entrega dos pálios aos novos arcebispos metropolitas, deixando de impor esta insígnia no Vaticano, uma tarefa agora confiada aos núncios apostólicos (representantes diplomáticos da Santa Sé).

Esta insígnia é feita com a lã de cordeiros brancos e simboliza o Bom Pastor que leva nos ombros o cordeiro até dar a sua própria vida, como recordam as cruzes negras bordadas.

O pálio é envergado pelos arcebispos metropolitas nas suas dioceses e nas da sua província eclesiástica – sistema administrativo proveniente da divisão civil do Império Romano, depois da paz de Constantino (313); em Portugal há três províncias eclesiásticas: Braga, Lisboa e Évora.

O patriarca de Lisboa anunciou que o pálio lhe vai ser imposto, pelo núncio apostólico, a 21 de julho, no início da Missa de ordenação episcopal dos novos bispos auxiliares, no Mosteiro dos Jerónimos.

“O pálio pode ser símbolo da ovelha perdida que o Bom Pastor coloca aos ombros e reconduz aos caminhos do Senhor. Também este gesto será sinal para renovarmos a consciência de que Jesus é o Pastor que conduz a Igreja”, explicou, numa carta ao clero e comunidades de Lisboa.

D. Rui Valério foi nomeado como patriarca de Lisboa por Francisco, a 10 de agosto de 2023, sucedendo no cargo a D. Manuel Clemente, que apresentou a sua renúncia ao Papa, após ter atingido o limite de idade (75 anos) determinado pelo Direito Canónico para o exercício do ministério.

Lisboa, onde a presença da Igreja remonta aos primeiros séculos do Cristianismo, foi elevada a metrópole eclesiástica, em 1393; em 1716 o Papa Clemente XI elevou a capela real a basílica patriarcal, ficando a antiga diocese dividida em duas até 1740, ano em que foi reunificada.

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Agência ECCLESIA

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