Deus ama-nos! Amemo-nos!
Contemplar e acolher o amor de Deus manifestado na pessoa de Jesus e testemunhado na vida dos discípulos é o convite principal da liturgia da Palavra deste sexto Domingo da Páscoa.
«Deus é amor»: é uma das mais profundas e completas definições de Deus que encontramos na Primeira Carta de São João.
João convida-nos a contemplar Jesus e a tirar conclusões sobre o amor de Deus; convida-nos também a reparar nas mil e uma pequenas coisas que trazem à nossa existência momentos únicos de alegria, de felicidade e de paz, e a perceber nelas sinais concretos do amor de Deus, da sua presença ao nosso lado, da sua preocupação para connosco. A certeza de que Deus é amor e que Ele nos ama com um amor sem limites é o melhor caminho para derrubar as barreiras da indiferença, do egoísmo, da autossuficiência e do orgulho que tantas vezes nos impedem de viver em comunhão com Deus.
Se somos filhos desse Deus que é amor, amemo-nos uns aos outros com um amor igual ao de Deus, amor incondicional, gratuito, desinteressado.
Não podemos passar a vida a olhar para o céu, ignorando as dores, as necessidades e as lutas dos irmãos que caminham na vida ao nosso lado.
Também não podemos fechar-nos no egoísmo e comodismo, ignorando os dramas dos pobres, dos oprimidos, dos marginalizados. Não podemos igualmente ser seletivos e amar só alguns, excluindo os outros.
A vida de Deus que enche os nossos corações de crentes deve manifestar-se em gestos concretos de solidariedade, de serviço e de dom, em benefício de todos os irmãos.
Nos nove versículos do Evangelho de São João deste domingo, as palavras “amar”, “amor” e “amigo” aparecem doze vezes. Jesus faz depender tudo de uma fonte primeira: «assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor».
Falando do amor de Deus, facilmente podemos cometer o erro de transpor para Deus a nossa maneira humana de amar. O amor que conhecemos implica sempre uma reciprocidade: ser amado para amar, receber para dar. Imaginamos então que o amor de Deus por nós depende da nossa maneira de o receber e de lhe responder.
Ao agir deste modo, esquecemos a palavra de São João: «não fomos nós que amámos Deus, foi Ele que primeiro nos amou». O amor de Deus por nós existe antes de nós. Podemos recusar este amor, mas Deus nunca deixará de nos amar. Nunca poderemos esgotar o seu amor. Somente deixando-nos amar por Ele, chegaremos pouco a pouco a amar como Ele nos ama. Deus derrama o seu amor nos nossos corações.
Continuemos a contemplar e a acolher esse amor para sermos fecundos no amor e na ternura para com os irmãos.
Manuel Barbosa, scj
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