Igreja ao lado das Comunidades Portuguesas no mundo

Presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana lembra emigrantes nas celebrações do 10 de Junho D. António Vitalino Dantas, Bispo de Beja, Presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana (CEMH), assinou uma mensagem dedicada às Comunidades Portuguesas espalhadas pelo mundo por ocasião das celebrações do 10 de Junho, sublinhando o “importante papel desempenhado por tantos milhões de portugueses e luso-descendentes a viver fora do país”. “A Igreja Católica em Portugal, através do Presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana, associa-se a esta celebração, num acto de gratidão a Deus, pelo importante papel desempenhado por tantos milhões de portugueses e luso-descendentes a viver fora do país, não só pelo seu papel na expansão da cultura e dos valores da pátria, mas, sobretudo, porque, através deles, se fortalece a nossa identidade lusa e a esperança de vencermos as depressões e crises do torrão natal”, pode ler-se. Segundo este responsável, nNuma altura em que prevalece um ambiente de contestação social na Europa, sobretudo por causa da subida dos preços dos combustíveis e dos cereais, fazendo resvalar atrás de si o agravamento das desigualdades entre os portugueses, faz-nos bem lançar o olhar para as nossas comunidades espalhadas pelos cinco continentes”. “Hoje como outrora, temos de olhar para estes portugueses ousados como símbolos das potencialidades da nossa identidade, forjada ao longo dos séculos pelos valores da esperança cristã, que nos alarga os horizontes e desperta as virtualidades para vencer os desafios e as crises do presente, mas de um modo solidário e fraterno”, assinala. O presidente da CEMH lembra a celebração do Ano Europeu do Diálogo Intercultural para fazer referência à viagem histórica da diáspora portuguesa, na qual, afirma, “podemos ver o como os emigrantes portugueses foram capazes de se estender por toda a parte, levando a nossa língua, a nossa cultura e também a fé, ao seio de outras comunidades e de outros povos”. “Na verdade, se algum povo, ao longo da história humana, foi capaz de viver profundamente a interculturalidade e a tolerância face a outras culturas e outras gentes, este povo foi, e ainda é, o povo português”, assegura. Celebração de valores O Bispo de Beja defende que “os milhões de pessoas que se lançam na aventura de procurar um lugar onde se possam estabelecer e trabalhar, na busca de condições de vida com o mínimo de dignidade e com algum horizonte de esperança, entre eles cinco milhões de portugueses, precisam de se dar as mãos, para construir uma nova civilização da família humana, no respeito mútuo pela diversidade e pela natureza envolvente”. “ A depressão económica, o abrandamento do crescimento nos países desenvolvidos não pode arrastar-nos para uma crise dos valores da solidariedade, da compreensão, do amor ao necessitado, ao menos capaz de acompanhar o ritmo acelerado do desenvolvimento económico e tecnológico”, alerta. Neste sentido, deixa um apelo “aos nossos governantes e aos governos dos países de destino dos emigrantes, mas também aos próprios portugueses que vivem e trabalham longe do solo da pátria, para que apoiem os novos emigrantes, sobretudo as jovens famílias no seu início de vida comunitária, e não façam aos outros aquilo que não gostaríamos que nos fizessem a nós”. “Nesta nova geração de migrantes penso sobretudo naqueles que, provenientes da África e da América do sul, rumam aos países do norte, fugindo à miséria que mata milhões de seres humanos. Não podemos continuar a assistir, imóveis, à hecatombe de emigrantes, muitos deles mulheres e crianças, que sucumbem nos mares ou diante de fronteiras de arame farpado”, atira D. António Vitalino. Igreja atenta O presidente da CEMH diz que a Igreja esta atenta aos “novos desafios e exigências” trazidos pela emigração recente, “aos quais procuraremos estar atentos e ir ao seu encontro, dentro das limitações da situação actual da Igreja que, muitas vezes, tem dificuldade de dar a resposta necessária, devido à crise vocacional dos últimos decénios e que tem levado à diminuição drástica do número de sacerdotes e de religiosos consagrados”. Este responsável adianta ainda que “estamos a redobrar esforços no sentido de as Igrejas dos países de origem e dos países de destino se entreajudarem, para que, como no início da era cristã, também hoje, povos de várias línguas e proveniências se compreendam, se sintam amados e em casa e colaborem na construção da nova humanidade, onde a ninguém falte o essencial para viver dignamente”. Festa do Euro O Euro 2008 dá o mote para uma reflexão sobre a forma como “todos nós sentimos a garra como os nossos emigrantes vivem a sua identidade e se afirmam por esse mundo fora”. “ Que o diga a selecção de Portugal agora a disputar o campeonato europeu de futebol na Suíça e na Áustria”, escreve. “A convivência com povos de outras culturas fortalece a nossa identidade e a afirmação dos nossos valores, algo mais profundo que o simples facto de sermos luso-descendentes por razões genéticas”, diz o presidente da CEMH. A mensagem conclui-se com uma saudação particular a todos os missionários, “sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos, que, ao serviço das comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, dão o seu melhor na construção da Igreja de Cristo, procurando incarnar no seio das comunidades os valores do humanismo evangélico, que, durante séculos, identificou Portugal e que tem sido levado, pelos portugueses, às cinco partidas do mundo”. FOTO: Lusa

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