Semana Santa: «Um momento celebrativo que não tenha a participação da sua população deixa de fazer sentido» – Rui Ferreira

Especialista alerta para risco de «descaracterização» pela pressão turística

Porto, 24 mar 2024 (Ecclesia) – Rui Ferreira, doutorado em Estudos Culturais pela Universidade do Minho e estudioso da Semana Santa de Braga, disse que é preciso encontrar equilíbrio entre o “turismo” e a tradição, para evitar uma “descaracterização” das celebrações.

“Há esse risco, claro, muito mais num evento religioso como é a Semana Santa de Braga, mas com atenção e reflexão naquilo que deve ser feito, acho que podemos conseguir um equilíbrio”, refere o convidado da entrevista semanal conjunta Ecclesia/Renascença, publicada e emitida aos domingos.

No início do ciclo mais importante de celebrações do calendário católico, o convidado admite que “a questão da turistificação ou da questão da patrimonialização dos eventos também tem os seus riscos”, mostrando confiança nos responsáveis das instituições, para enfrentar essa questão.

Para Rui Ferreira, a Semana Santa, em Braga, é feita sobretudo das pessoas, “que participam, que lhe dão corpo”.

“Um momento celebrativo como a Semana Santa, que não tenha a participação da sua população deixa de fazer sentido”, observa.

O especialista recorda que esta semana se afirmou, praticamente desde os anos 60 do último século, como “o principal momento turístico da cidade de Braga”.

“É todo um conjunto, as celebrações da Semana Santa, a própria cidade e a sua história, que emana a paixão de Cristo e emana também o Cristianismo”, considera.

Foto: RR/Henrique Cunha

Para o entrevistado, que acompanhou a inscrição destas celebrações no Inventário Nacional de Património Cultural e Material, “as procissões não são só um desfile de pessoas, têm de ter algum sentido, alguma mensagem”.

A entrevista aborda os principais momentos dos próximos dias, em Braga, e algumas particularidades do Rito Bracarense, com “significado profundo”, além de imagens que marcam as celebrações, como a chamada “Procissão da Burrinha” ou os farricocos.

“Acho que quem de alguma forma quiser perceber a intensidade da vivência da Paixão de Cristo tem necessariamente de passar por Braga”, afirma Rui Ferreira.

O bracarólogo aborda ainda a “ligação clara” entre a Semana Santa e o Bom Jesus, que “brotam da Paixão de Cristo” e recorda a alegria pascal que se manifesta, na celebração da ressurreição de Cristo.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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Agência ECCLESIA

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