D. Jorge Ortiga critica mentalidade reflectida no projecto de lei do divórcio

O Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, criticou ontem, na abertura do Conselho Presbiteral de Braga, três aspectos de uma «mentalidade que está a pretender impor-se e de que é reflexo o preâmbulo do projecto do Partido Socialista sobre a lei do divórcio: o individualismo, o sentimentalismo e a secularização». O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou o desejo de que «se crie a consciência de que cada um é pessoa mas faz também parte de um corpo». E aclarou: «sem perdermos a nossa identidade também somos membros da Igreja e há normas que devemos saber respeitar». Na reunião plenária que decorreu no Centro Cultural e Pastoral da Arquidiocese, o Conselho Presbiteral aprovou um voto de congratulação pela reeleição do Arcebispo Primaz como presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Além disso, foi aprovado um voto de pesar pelo falecimento do Monsenhor Cónego Eduardo de Melo Peixoto, assim como pelo falecimento do pai do padre José Augusto Ribeiro, vigário territorial e pároco em quatro comunidades de Cabeceiras de Basto, e que foram ambos a sepultar anteontem. De manhã, o cónego José Paulo Abreu fez uma exposição sobre a razão de ser do Direito na Igreja e a relação daquele com a acção pastoral. O Vigário-Geral da Arquidiocese afirmou que a necessidade do Direito brota da própria vida em sociedade. Desse modo, sustentou que o Direito Canónico se situa no âmbito da eclesiologia, pois «faz parte do ser e do agir da Igreja». Para o cónego José Paulo Abreu, sem Direito a Igreja fica entregue à anarquia e à arbitrariedade, ficando compro- metida a unidade e a paz. O antigo reitor do Seminário Conciliar de Braga mostrou que o Direito Canónico não serve para complicar ou arrasar a pastoral mas sim para se trabalhar em conjunto, porque são «aliados naturais na busca da verdade e no amor à verdade, na busca da justiça e no amor à justiça». A sessão de trabalho prosseguiu com a revisão de quatro estatutos: Fundo Paroquial, Arciprestado, Conselho Presbiteral e Conselho Arquidiocesano de Pastoral. O cónego José Paulo Abreu ficou encarregue da elaboração da revisão, tendo em conta as alterações sugeridas. Depois disso, vão ser reunidos estes e outros textos normativos, actualizados no que for necessário, num só volume. Será, por assim dizer, uma reedição da obra “Normas jurídicas e pastorais” que já existe, mas que incluirá as normas das Associações de Fiéis, publicadas pela CEP, e que deverão ser utilizadas como suporte para as revisões dos estatutos das confrarias e irmandades. Das iniciativas pastorais já anunciadas, foi informado que, no Congresso Arquidiocesano da Família, que acontece em 17 e 18 de Maio, João Paulo Barbosa de Melo vai substituir o casal Roberto Carneiro e Maria do Rosário na intervenção de domingo de manhã. Além disso, a peregrinação ao Sameiro, a 1 de Junho, terá um cunho de encerramento do triénio pastoral sobre a Família. Para já, o Conselho Presbiteral estabelece o desejo de se ver conhecido o resultado do estudo realizado pelo padre Anselmo Sousa e pela professora Vera Duarte sobre as respostas que as IPSS oferecem às famílias, assim como o resultado do estudo elaborado pelo padre Roberto Rosmaninho Mariz sobre a realidade familiar da Arquidiocese. Em dia de Santa Senhorinha, D. Jorge Ortiga interrogou- se sobre a atenção que está a ser dada ao “Próprio da Arquidiocese de Braga”, tanto o “Missal e Leccionário” como o “Ofício Divino”, e deixou a ideia de se fazer uma reedição desses dois livros. Além disso, no encerramento da reunião o Arcebispo de Braga apelou ao acolhimento das normas e a que se sinta a força e o valor da unidade naquilo que se determina. E citando um pensador cristão, formulou o voto de que haja unidade no essencial, diversidade no acidental e se ponha caridade em tudo. Programa pastoral do novo triénio O programa pastoral para 2008-2011 foi tema de discussão da parte da tarde. “A Palavra” será o grande tema a tratar no próximo triénio pastoral, tendo em conta a celebração do Ano Paulino, instituído pelo Papa, entre 28 de Junho deste ano e 29 de Junho de 2009. Sobre esse novo triénio pastoral dedicado à Palavra, foi apresentado o tema genérico: “Tomar conta da Palavra que toma conta de nós”. Este divide- se, por sua vez, em sub-temas: 2008-2009 – “Encontrados pela Palavra”; 2009-2010 – “Acolhemos a Palavra”; e 2010-2011 – “Vivemos a Palavra”. Para o próximo ano pastoral, foram já apresentadas algumas iniciativas possíveis, das quais destacam-se os “Encontros com São Paulo” orientados pelo Bispo Auxiliar D. António Couto. Os subsídios colocados à disposição para este ano serão na linha dos que foram usados no triénio sobre a Família. De ressaltar que a nível nacional está a ser preparado pela Conferência Episcopal um conjunto de 52 “fichas” com o título “Um ano a caminhar com São Paulo”. Para o lançamento deste ano pastoral, está a ser pensada uma conferência de imprensa, assim como a organização de uma grande concentração no dia 29 de Junho, ainda sem grandes certezas mas com algumas concretizações.

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