Vida Consagrada: Franciscanos celebram 800 anos da sua Regra

«Não há Francisco de Assis sem Evangelho, não há franciscano sem Evangelho» – Frei Albertino Silva

Lisboa, 29 nov 2023 (Ecclesia) – Os Franciscanos celebram hoje os 800 anos da sua “regra bulada”, um texto de São Francisco de Assis, para a unificação dos irmãos da sua nova ordem.

“A regra de 1223 vai ser uma regra jurídica, e São Francisco, com o cardeal Hugolino e alguns amigos vão compor este texto para ter norma jurídica, sobretudo para a unificação dos irmãos, com algumas preocupações concretas: a vida fraterna, a oração, a pregação”, disse frei Albertino Silva, em entrevista à Agência ECCLESIA.

A confirmação da Regra dos Frades Menores, por Honório III, aconteceu a 29 de novembro de 1223; o Papa Francisco publicou hoje uma carta, assinalando os 800 anos da aprovação da regra, denunciando a “exploração do ambiente e dos pobres”.

Frei Albertino Silva, religioso da Ordem dos Frades Menores em Portugal, realça “a questão sempre presente” em Francisco de Assis, que vai reforçar muito nesta regra de 1223, “primeiro o Evangelho”.

“Não há Francisco de Assis sem Evangelho, não há franciscano sem Evangelho. Segundo é a obediência à Igreja e ao Papa canonicamente eleito”, lembra o entrevistado do primeiro número da regra «bulada».

Na Regra Franciscana, por exemplo, não existe palavra “a pobreza”, o texto, assinala frei Albertino Silva, refere-se ao “não próprio, da não propriedade”: “São Francisco não diz para não termos as coisas, diz que não podemos ter a propriedade das coisas, isto é uma inovação na vida religiosa da Igreja”.

A regra de São Francisco de Assis é também a regra onde se revê a Família Franciscana, “a maior família religiosa”, segundo frei Albertino Silva são “mais de 400” congregações, institutos de vida consagrada franciscana de direito pontifício, “sem contar com os leigos”, “em todo o mundo”, em Portugal são mais de 20.

“São centenas de rostos de Francisco de Assis junto do irmão e que se reveem nesta regra. Se alguma vez fizerem a comparação entre a regra de Santa Clara com esta é quase uma colagem, adaptada às mulheres Damianitas, de São Damião, porque não havia uma rega a não ser para as beneditinas”, explicou, no Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2.

Segundo o entrevistado, este modo de viver, de estar com os outros, com os irmãos, com a natureza, continua a contagiar crentes e não crentes, “cada vez começa a ser mais profundo”, até por causa de toda a questão ambiental, “da preocupação com a ecologia” que leva “muita gente a São Francisco”.

Neste ano, os Franciscanos estão também a fazer memória dos 800 anos do presépio em Greccio, o “primeiro presépio que Francisco de Assis traz ao mundo e à Igreja”, que é também “fazer memória dos afetos para com a divindade”, como escreveu o Papa Francisco, uma experiência do presépio que ainda hoje é vivida “de forma muito bonita” na Ordem dos Frades Menores.

O “Centenário Franciscano” foi subdividido em quatro, nos quais se evocam a “Regra e o Natal de Greccio” (1223-2023), o “dom dos estigmas” (1224-2024), o “Cântico das Criaturas” (1225-2025) e a “Páscoa de Francisco de Assis” (1226-2026), o momento em que “morre como Cristo pobre e nu”, e diz aos frades, “irmãos recomecemos porque até agora nada fizemos de bom”, recordou frei Albertino Silva.

PR/CB/OC

 

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Agência ECCLESIA

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