Economia de Francisco: «Estamos num momento crucial para mudanças sociais e ambientais» – Afonso Borga

O lugar da banda filarmónica de Pedrogão como lugar de inclusao social, os 50% de licenciatura em Serviço Social que fez «nas ruas de Lisboa com as pessoas em situação de sem-abrigo», e o voluntariado no Brasil, em São Tomé e Principe, na Roménia e em Lesbos como caminho de «empatia» na vida de Afonso Borga

Foto: Agência ECCLESIA/PR

Lisboa, 15 nov 2023 (Ecclesia) – Afonso Borga, jovem empreendedor ligado à Economia de Francisco, afirma que a sociedade está num momento “crucial” para operar mudanças sociais e ambientais essenciais mas lamenta a falta de “diálogo” e “vontade política”.

“Falta vontade política para acelerar mudanças, não só a nível nacional mas também internacional. Estamos às portas da COP28 e percebemos que são momentos chave em que se deve avançar e isso não tem acontecido. Os movimentos juvenis sentem uma necessidade de mudanças e não encontram reflexo na organização política”, lamenta o jovem formado em Serviço Social que trabalha na área da responsabilidade social e do voluntariado corporativo.

Afonso Borga identifica “uma grande oportunidade” para operar mudanças porque reconhece “muitas organizações – empresas e organizações sociais, academia e jovens, e menos jovens – a quererem avançar com mudanças que têm de ser realizadas”.

A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 conhecida como COP28, vai ter lugar no Dubai entre 30 de novembro e 12 de dezembro.

O jovem, natural de Pedrogão, em Santarém, pede “empatia intergeracional” para que as mudanças possam acontecer “entre a pressa dos mais novos e a necessidade de os mais velhos acreditarem na mudança”.

Precisamos de usar mais a palavra «diálogo». Na questão da justiça climática por exemplo, houve um grupo de jovens que levou um conjunto de países a tribunal, inclusivamente Portugal, e foram condenados pela inação tendo em conta as alterações climáticas. Este é um ótimo exemplo de como num processo e com diálogo se consegue chegar a resultados de longo prazo que não passa por atirar tinta a um ministro, ação que acaba por não ter consequências”, refere.

Afonso recorda que ao deparar-se com as propostas da Economia de Francisco sentiu-se confirmado no caminho.

“A Economia de Francisco tem um grande caminho e potencial de desenvolvimento porque tem a capacidade de conectar várias visões, aproximar várias pessoas que partilham as mesmas preocupações e fazem-nos de uma forma jovem e direta, que permite convocar a todos para a responsabilidade, criando pontes. Esta não é uma linguagem para economistas mas para todos. A Economia de Francisco e o Papa têm a capacidade de comunicar para todos sem criar barreiras mas em construção e pontes justas e equilibradas nos nossos relacionamentos”, sublinha.

Envolvido no mundo das empresas, onde procura que os termos «responsabilidade social» e «impacto positivo» nasçam de dentro e não apenas porque “existe legislação que pressiona”.

“Há empresas que consideram que porque pagam salários e impostos estão a cumprir a sua responsabilidade social. Isso é obrigação, não responsabilidade social. Cuidar dos colaboradores, do ambiente interno, para além da produção e do lucro, é também obrigação empresarial”, esclarece.

Natural de Pedrogão, Afonso Borga identifica na banda filarmónica da sua terra a metáfora da inclusão social: “É o melhor exemplo de intergeracionalidade, onde dos oito aos 80, as pessoas criam um lugar de inclusão social entre agricultores, operários e médicos, onde se trabalha para uma harmonia comum. Ali sou parte integrante de um todo e só esse todo vai chegar a uma harmonia musical”.

O jovem de 28 anos recorda a decisão de rumar a Lisboa, onde estudou Serviço Social, para poder preencher o tempo de formação com outras experiências que hoje considerem ter sido essenciais e que consolidaram a sua ligação ao voluntariado.

“50% da minha licenciatura foi na Universidade mas a outra percentagem foi no voluntariado e em experiências de empreendedorismo. A teoria foi relevante mas as experiências práticas deram-me a transposição para a realidade social e o voluntariado ajuda à empatia, a colocarmo-nos no lugar do outro de forma muito prática e direta”, explica.

A conversa com o Afonso Borga pode ser acompanhada esta noite no programa ECCLESIA na Antena 1, pouco depois da meia-noite, e escutada posteriormente no portal de informação e no podcast «Alarga a tua tenda».

LS

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Agência ECCLESIA

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