Sínodo: Valorização da dimensão espiritual ajuda a criar «clima de maior acolhimento», diz padre Adelson dos Santos

Jesuíta brasileiro desempenha funções de «facilitador», uma das novidades da assembleia

Foto: Ricardo Perna

Cidade do Vaticano, 11 out 2023 (Ecclesia) – O padre Adelson dos Santos, jesuíta brasileiro e autor do livro ‘Os passos espirituais do caminho sinodal’, sublinhou a importância de partilhar o que cada um “sente desde dentro”, em vez de conceitos abstratos ou ideologias.

“Não estamos aqui a tentar defender pontos de vista, mas a tentar tirar da nossa oração o que Deus pode estar a comunicar-nos. Isso tem ajudado a criar um clima de maior acolhimento”, referiu o religioso, a respeito da assembleia sinodal em curso, no Vaticano.

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos decorre até 29 de outubro, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.

Para o entrevistado no segundo episódio do ‘Igreja em caminho’, podcast do Ponto SJ, os trabalhos assumem a existência de dúvidas e tensões, até pelas novidades metodológicas.

“Este Sínodo tem tudo para ser uma bênção”, sustenta um dos “facilitadores” desta assembleia siodal.

É uma nova dinâmica, porque a oração faz parte do próprio andamento do Sínodo, não está pressuposta como algo existente na preparação pessoal ou litúrgica. Faz parte, está dentro”.

O encontro tem 365 votantes – 54 mulheres – a quem se somam, sem direito a voto, 12 representantes de outras igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), oito convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo.

A Conferência Episcopal Portuguesa está representada no Sínodo pelo seu presidente e vice-presidente, D. José Ornelas e D. Virgílio Antunes, respetivamente.

Outras 57 pessoas, entre elas 20 mulheres, vão participar como peritos, à imagem do que acontecia no passado, ou “facilitadores”, ou seja, “pessoas especializadas cuja missão é facilitar os trabalhos nas diferentes fases”, sem direito a voto.

O padre Adelson dos Santos defende uma atitude de “discernimento e escuta”, inspirada pela espiritualidade do fundador da Companhia de Jesus (Jesuítas), para “aprofundar a experiência de Deus”.

No Sínodo, acrescenta, tem havido espaço para uma “teologia afetiva”, que envolve mais do que o raciocínio e permite que a fé “toque o coração”.

“Para alguns, deveríamos estar já a debater mais ideias, chegando a conclusões, tomando decisões”, aponta.

O especialista sublinha que o Sínodo “não é um evento, mas é um processo”.

“A meu ver, deve vir para ficar, para se transformar num estilo de vida, numa espiritualidade nova”, a partir do “tesouro espiritual da Igreja”, indica.

“A sinodalidade, como caraterística da comunidade cristã, existe desde o início”

O entrevistado destaca a experiência do retiro espiritual (30 de setembro-03 de outubro), antes da abertura dos trabalhos, que deu o “tom” à assembleia.

“O Sínodo é caminhar juntos para tentar discernir o que Deus nos está a comunicar, para a Igreja deste novo milénio”, precisa o jesuíta brasileiro.

O religioso rejeita a ideia de que o Sínodo venha “mudar tudo na Igreja”, convidando todos a assumir uma “postura de escuta” para encontrar o “projeto de Deus”.

“Não podemos ser pessoas fechadas à novidade do Espírito”, conclui.

Parceria Consistório e Sínodo/OC

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Agência ECCLESIA

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