Solidariedade: «Temos de encontrar soluções de promoção, de integração, de capacitação» – Presidente da Cáritas Portuguesa

Rita Valadas lembra que portugueses «estão a sofrer muito com somatório de crises» e doações também diminuíram

Foto: Agência ECCLESIA/CB

Aveiro, 20 set 2023 (Ecclesia) – A presidente da Cáritas Portuguesa destacou a importância de somar propostas de “promoção” social às intervenções de emergência da organização católica de solidariedade e ação humanitária.

“Nós temos tentado fazer as coisas aos dois movimentos: tentar agir sobre a emergência e sem nunca perder esta noção que nós temos de fazer mais do que gerir a emergência. Nós temos de encontrar soluções de promoção, de integração, de capacitação dos nosso públicos mais vulneráveis e para isso temos de que a par e passo ir fazendo dois movimentos”, disse Rita Valadas à Agência ECCLESIA.

No início da Semana de Formação Cáritas 2023, que decorre em Aveiro, desde terça-feira, a responsável indicou que “identidade e missão” são temas presentes semanalmente para que todos possam “estar alinhados naquilo que alimenta a ação, a visão” da instituição, as 20 Cáritas Diocesanas “agem sempre sobre as dificuldades do território”, e “respondem de maneira completamente diferente”.

Segundo Rita Valadas têm “problemas de emergência todos os dias”, como o ataque que aconteceu horas antes na Ucrânia a um armazém de bens, “com um drone russo, que fez com que tivesse desaparecido tudo o que havia de bens de primeira necessidade para 660 famílias”.

“O grande desafio é tentar não perder o futuro porque estamos a agir em emergência. Se só agirmos de emergência estamos a impedir o futuro de muita gente”, assinalou.

A rede nacional Cáritas – “a direção da Cáritas Portuguesa, alinhada com a Cáritas em Portugal” – mostra-se “profundamente chocada com este ataque” e reforçou a ajuda à população ucraniana com um apoio adicional de 20 mil euros.

“A Cáritas abriu uma campanha logo a seguir ao início da guerra e Portugal animou-se muito a apoiar estas situações. Nós temos sempre uma visão nacional e uma visão internacional: esta pertença a este grupo de 20 Cáritas Diocesanas, e muitas Cáritas e grupos paroquiais, numa rede capilar absolutamente fantástica, mas sem tirar de vista os nossos parceiros internacionais que também nos valem sempre que é necessário”, desenvolveu.

A presidente da Cáritas Portuguesa explica que têm “alguns fundos próprios, e alguns fundos de campanhas”, e não podiam “deixar de dar um sinal que é muito mais de esperança do que de resolução do problema”, e esses 20 mil euros são o que têm de “disponibilidade, neste primeiro momento, para garantir a esperança de que a Ucrânia não está sozinha”, afirmando que “Portugal é muito solidário”.

Para além da solidariedade internacional com a Ucrânia, também estão a “apoiar Marrocos, através da Cáritas local”, para ajudar as vítimas do sismo, informações disponíveis no sítio online da Cáritas Portuguesa.

Sobre a solidariedade dos portugueses, a presidente da Cáritas Portuguesa afirma que “está extraordinariamente difícil”, porque “estão a sofrer muito com este somatório de crises” – crises financeiras, de doença, a guerra – e exemplifica que tiveram “dos resultados mais baixos nos últimos tempos” com a campanha que lançaram para o Programa Nacional da Cáritas, o ‘Vamos inverter a curva da pobreza’, “antes da Jornada Mundial da Juventude” Lisboa 2023.

“As pessoas estão com muitas dificuldades, quem tem o hábito de doar se deixa de conseguir doar o mesmo montante acha que não se justifica. O meu apelo é sempre ‘qualquer montante que nos pode parecer pequeno, somado, pode fazer toda a diferença na vida das pessoas’”. Não deixem de colaborar se acham que nos merece confiança”, acrescentou, assegurando que “o dinheiro que for dado à Cáritas chega ao propósito para que as pessoas o entregaram”.

Rita Valadas assinala que “não tem sido fácil” e refere ainda que muitas pessoas que foram doadoras da organização católica “estão com grande dificuldade de resolver a sua vida”.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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