JMJ Lisboa: «Geração 2023» vai marcar futuro da Igreja e do país, afirma D. Manuel Clemente (c/vídeo)

Cardeal-patriarca sublinha importância da «experiência militante» dos jovens na preparação do encontro mundial

Lisboa, 15 jul 2023 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa disse que a Jornada Mundial da juventude e os anos da sua preparação vão dar vida a uma “Geração 2023”, com impacto no futuro da Igreja e do país.

Foto: JMJ Lisboa2023/ Duarte Mourão Nunes

“Tenho a certeza de que esta experiência militante fica e será uma nova geração para a sociedade portuguesa”, refere D. Manuel Clemente, em entrevista à Agência ECCLESIA, a pouco mais de duas semanas do início do encontro mundial.

O responsável católico espera que as centenas de milhares de peregrinos sejam, na capital portuguesa, “uma presença muito cativante e motivadora como é sempre a presença juvenil”.

O patriarca de Lisboa realça o impacto da preparação da JMJ de norte a sul do país, sublinhando que “quase todas as paróquias têm o seu Comité Organizador, envolvendo jovens, diretamente”.

“Isto envolve milhares de jovens, dezenas de milhares de jovens, não apenas como participantes, mas como organizadores”, insiste.

Esta experiência de militância, de tantos milhares de jovens, certamente vai criar uma geração, a geração 2023, e isso vai-se notar nas décadas seguintes. Não tenho dúvida nenhuma”.

Para D. Manuel Clemente, “quem participou tanto, quem mobilizou tanto, depois não fica a ver”.

“Ganhou o hábito de participar, de estar, de sentir isto como coisa sua, quer na Igreja quer na própria sociedade”, acrescenta.

Numa entrevista em que aborda o percurso que levou à escolha de Lisboa como sede da próxima edição internacional da JMJ, o cardeal português realça que todas as pessoas contactadas foram “muito favoráveis” ao projeto, dentro e fora da Igreja.

Foto: Agência ECCLESIA/MC

“Em todo o lado encontrei muito entusiasmo, muito boa vontade, não só pela marca Portugal ficar, assim, uma semana em evidência, nos ecrãs mundiais, mas pelo que isto significa de mobilização juvenil, de refrescamento até da própria sociedade portuguesa”, declara.

O patriarca considera ainda que a proximidade com o continente africano e a forte presença de população dos PALOP, em Portugal, foram fatores que “contribuíram para que a escolha do Santo Padre fosse Lisboa”.

A JMJ, prossegue, oferece aos jovens “a capacidade de sonhar, a capacidade de realizar, de ter a experiência de fazer uma coisa que parecia absolutamente extraordinária”.

O desafio, considera o cardeal português, é que todos pensem em como “canalizar isso, nas suas paróquias”, projetando o futuro.

“Certamente teremos surpresas, boas”, assume.

Questionado sobre eventuais mudanças nas próximas edições internacionais da JMJ, D. Manuel Clemente admite que, se o número de participantes se alagar muito, “o problema é quem será capaz de as organizar”.

O responsável diz ainda que “tudo o que tem acontecido nas Jornadas, como aliás na vida da Igreja, está aberto” a todos.

Um estudo desenvolvido pela UCP, sobre ‘Jovens, Fé e Futuro’, mostrou que cerca de metade dos inquiridos (49%) se afirmam católicos.

“Hoje estamos numa sociedade muito polarizada, de muitas pertenças, de muitas conexões. Haver esse número, em relação ao que era no meu tempo e com esta alteração das circunstâncias, é muito positivo. Se me surpreendeu, foi pela positiva”, comenta D. Manuel Clemente.

Foto: Agência ECCLESIA/MC

A entrevista, a respeito do 75.º aniversário do patriarca de Lisboa – idade em que o Direito Canónico determina a apresentação da renúncia do cargo, ao Papa – vai ser transmitida este domingo, pelas 18h10, no Programa ‘70×7’ (RTP2).

“O rescaldo da Jornada será, certamente, muito grande, em termos de envolvimento das pessoas, de projetos, de sonhos, mas é preciso que haja um centro”, observa o cardeal, para sublinhar a necessidade de uma definição rápida do seu sucessor.

Questionado sobre o processo sinodal 2021-2024, lançado pelo Papa, o patriarca de Lisboa assinala que não existe sinodalidade sem encontro nem identidade.

“Com toda a gente a andar para um lado e para outro, é muito mais difícil estabelecer esta composição comunitária, que é absolutamente necessária para a vida da Igreja”, adverte.

Para D. Manuel Clemente, “refazer estas pertenças, estas vizinhanças, é um enorme desafio para a sociedade em geral”.

PR/OC

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