Portugal: Faleceu o historiador José Mattoso

Investigador foi distinguido, em 2019, com o Prémio Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes, pela sua reflexão sobre a espiritualidade cristã e ação cívico-cultural

Lisboa, 08 jul 2023 (Ecclesia) – O historiador José Mattoso, vencedor do Prémio de Árvore da Vida- Padre Manuel Antunes, em 2019, pela sua reflexão sobre a espiritualidade cristã e ação cívico-cultural, morreu hoje, aos 90 anos.

O investigador foi reconhecido, pela Igreja Católica em Portugal, como “grande historiador medievalista” e “pensador original da construção da identidade nacional”.

Na cerimónia de entrega do prémio, a 1 de junho de 2019, em Fátima, Mattoso assinalou que, nos séculos XIX e XX, a Igreja Católica em Portugal se refugiou “à sombra do poder constituído” – “enfraquecida pela perda dos seus bens e pela debilidade do seu pensamento racional, perdeu o sentido da criatividade cultural” – mas, hoje, pela reflexão teológica, à crítica exegética e ao verdadeiro conhecimento do passado, “recuperou o seu lugar no mundo da ciência e da razão”.

“A história crítica da Igreja ajuda-a a reconhecer os seus erros, a explicar as suas decisões, a interpretar indícios significativos da sua ação, a descobrir afinidades com correntes alheias, a reconstituir estruturas globais, a descobrir novidades inesperadas”, desenvolveu.

De acordo com a ata da 15ª edição deste prémio da Igreja Católica em Portugal, o júri decidiu “por unanimidade calorosa” atribuir o galardão a José Mattoso, referindo que é um “irradiante homem de espiritualidade cristã e de ação cívico-cultural”.

O documento refere que José Mattoso, “doutorado pela Universidade de Lovaina”, teve no livro “Levantar o Céu” uma marca “culminante” do seu pensamento, espiritualidade e intervenção “cívico-cultural”.

José Mattoso nasceu em 1933, em Leiria, foi monge beneditino, no Mosteiro de São Bento de Singeverga, entre 1950 e 1970.

Prémio Pessoa em 1987, o historiador é Grande Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada, foi diretor da Torre do Tombo, vice-reitor da Universidade Nova de Lisboa e professor universitário.

O presidente da República evocou, numa mensagem divulgada online, o percurso de vida de José Mattoso, “um dos maiores historiadores portugueses e um dos grandes sábios portugueses”.

“Mesmo depois de deixar a vida consagrada, nunca abandonou a dimensão do sagrado e da fé”, sublinha Marcelo Rebelo de Sousa.

PR/OC

A História só pode ser «luz» para a humanidade se for contada sem «apologética» – José Mattoso (c/vídeo)

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Agência ECCLESIA

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