Porto: Bispo projeta passagem do modelo de um pároco por paróquia para «equipas pastorais dinâmicas e plurais»

D. Manuel Linda aponta à colaboração entre membros do clero, institutos religiosos e «leigos instituídos»

Foto: Diocese do Porto

Porto, 02 jun 2023 (Ecclesia) – O bispo do Porto publicou uma nota sobre os “ministérios instituídos”, na qual aponta a uma “progressiva reformulação pastoral”, nas paróquias e comunidades católicas, com maior protagonismo dos leigos.

“A atual desproporção entre os efetivos do clero diocesano e as necessidades das comunidades cristãs leva-nos a perspetivar uma progressiva reformulação pastoral, em que o princípio tradicional de um pároco por paróquia – já impossível de satisfazer – venha a ser substituído pela vigência de equipas pastorais dinâmicas e plurais”, refere D. Manuel Linda, num texto enviado hoje à Agência ECCLESIA.

O responsável católico destaca que a missão da Igreja, em territórios “cada vez amplos”, deve ser “assumida de forma sinodal e corresponsável” por padres, diáconos, religiosos ou religiosas e uma “estável equipa ministerial de leigos instituídos, com capacidades efetivas de coordenação e dinamização nos âmbitos respetivos”.

“Teremos cada vez menos paróquias autárquicas e cada vez mais células vivas de uma Igreja viva que experimenta e faz crescer a comunhão corresponsável de todos os fiéis de forma desclericalizada e crescentemente sinodal”, precisa o documento.

O bispo do Porto assume a “crescente a desproporção entre a extensão do campo e a exiguidade dos efetivos”, relativamente ao número de padres, convidando a diocese a “dar um passo determinado na implementação efetiva dos ministérios laicais instituídos de leitores, acólitos e catequistas”.

“As modificações recentemente introduzidas no Código de Direito Canónico, permitem chamar a este serviço eclesial, a exercer estavelmente e com verdadeira responsabilidade, pessoas de ambos os sexos, tal como acontece, de facto, na vida das nossas comunidades”, recorda.

D.  Manuel Linda indica que estes “animadores leigos” devem nascer da vitalidade da própria comunidade, nos vários âmbitos da vida e da missão da Igreja.

“Antevejo que cada paróquia ou igreja/reitoria, no futuro, venha a ter um(a) acólito(a), um(a) leitor(a) e um(a) catequista devidamente instituídos. Esse número poderá crescer nas comunidades mais populosas ou pluricêntricas, à medida que se for consolidando esta reconfiguração ministerial”, adianta.

A nota recorda que estes ministérios instituídos pressupõem uma “indispensável e conveniente formação dos candidatos”, segundo as orientações gerais da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que em junho de 2022 publicou o documento ‘Ministérios laicais para uma Igreja ministerial’.

O bispo do Porto saúda o contributo, nas comunidades católicas, de homens e mulheres de “ambos os sexos e de todas as idades”: catequistas, leitores, acólitos ministrantes, músicos, salmistas e coralistas, sacristães, voluntários do acolhimento, ministros extraordinários da comunhão, visitadores dos doentes, promotores sociais da Cáritas, membros das conferências vicentinas ou voluntários da pastoral social, entre outros.

Em maio de 2021, o Papa decidiu instituir o ministério de catequista, na Igreja Católica, reconhecendo a sua “missão insubstituível na transmissão e aprofundamento da fé”.

A decisão diz respeito a homens e mulheres que não pertencem ao clero nem a institutos religiosos, reconhecendo de forma “estável” o serviço que prestam na transmissão da fé, “desempenhado de maneira laical como exige a própria natureza do ministério”.

A  11 de janeiro do mesmo ano, Francisco estabeleceu que as mulheres tenham acesso aos ministérios de leitor e acólito.

OC

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Agência ECCLESIA

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