Exército: D. Rui Valério elogiou Forças Nacionais Destacadas, que se entregam há 30 anos nas missões de se fazerem próximos e doarem a vida

121 Missões e 132 mil militares foram homenageados pela «esperança» que dão a outros povos e «entrega» da sua juventude

Foto: Exército Português

Lisboa, 02 mai 2023 (Ecclesia) – O bispo das Forças Armadas e de Segurança disse que “só com disponibilidade de serviço se pode pôr fim à guerra”, elogiando os militares das Forças Nacionais Destacadas (FND) e a sua capacidade de “entrega” de vida na missão.

“A vida não se entrega somente no momento da morte, e nem apenas na forma de martírio. Eles mostram-nos como a devemos doar no dia-a-dia. É necessário aprender diariamente que não possuo a minha vida para mim mesmo, nem sou dono dela. Devo aprender, dia após dia, a abandonar-me a mim mesmo”, sublinhou D. Rui Valério durante a homilia da celebração que assinalava 30 anos de missões das FND, decorrida no Mosteiro da Batalha, no passado domingo.

Na celebração, o Exército Português quis homenagear os militares que já participaram ou participam nas FND, no dia em que se assinalava os 30 anos da primeira Força enviada para Moçambique, tendo-se realizado, desde então, 121 missões, com a participação de “132 mil militares”, e países como Moçambique, Afeganistão, Líbano, Mali, Kosovo, Bósnia, República Centro Africana, Romênia e Lituânia, informou D. Rui Valério à Agência ECCLESIA.

No dia em que a Igreja católica assinalava o domingo do Bom Pastor, o responsável pelo Ordiratiato Castrense relevou o quanto da missão das FND se assemelha aos “traços essenciais do Bom pastor”.

“Se precisam de mim naquele momento e naquele lugar, mesmo que outras coisas me pareçam mais bonitas e mais importantes, é aí que eu devo estar. Entregar a vida, não a tomar. É precisamente assim que vivemos a experiência da liberdade. A liberdade de nós próprios, o absoluto do ser. É exatamente assim, no facto de sermos úteis, de sermos pessoas das quais o mundo tem necessidade, que a nossa vida se torna importante e bela. Somente aquele que dá a própria vida, encontrá-la-á”, indicou.

A celebração contou com a presença dos responsáveis das Forças Armadas de Portugal e quis ainda dar um “enfoque particular aos Jovens”, em ano de Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, com a presença de jovens Cadetes da Academia Militar.

D. Rui Valério quis assinalar a juventude dos militares que concretizam “o melhor” desse tempo na vida, estando ao serviço em diferentes geografias.

“Eles têm um conhecimento privilegiado das carências e lacunas das populações, das suas angústias quotidianas. Conhecem bem o que é a vida de uma criança habituada a despertar com o barulho mortífero das armas, conhecem o rosto do desespero e do medo, reconhecem a marca do horror estampado na cara e nos jeitos de aldeões e cidadãos de vilas e cidades, dominadas pelo terror. Tal como o pastor conhece as suas ovelhas, os nossos jovens militares já conhecem bem os traços do sofrimento. E partem, e vão! Vão por isso mesmo, oferecem-se desejosos de restituir a serenidade e a paz”, valorizou.

A capacidade de “rasgar o horizonte” e abrir “portas de esperança”, oferecendo à população “uma nova possibilidade para uma vida melhor e diferente” foi também recordada por D. Rui Valério.

“Também eles dão a vida por aqueles que servem. Atuar nas mais extremas situações, implica a eventualidade de, a qualquer momento, ser vítima com o sacrifício de si mesmo. Mesmo sabendo isso, eles seguem em frente, e vão por nós, por todos nós. E nessa dádiva alcançam um sentido de vida que só à luz do amor, do carater altruísta e da bravura é compreensivo. Vão movidos pelo sentido da necessidade da sua missão. Assim, mais do que dar algo, como o seu tempo, a sua ciência, a sua eficácia, eles dão-se por inteiro”, valorizou.

LS

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Agência ECCLESIA

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