1.º maio: Presidente do Movimento de Trabalhadores Cristãos da Europa alerta para consequências da crise e diz que pessoas estão «cansadas»

Olinda Marques defende aposta na dignidade do trabalho e dos salários, esperando que o tema esteja presente na JMJ Lisboa 2023

Foto: Agência ECCLESIA/CB

Coimbra, 30 abr 2023 (Ecclesia) – A presidente do Movimento de Trabalhadores Cristãos da Europa (MTCE) alertou para as consequências da crise económica sobre a população, considerando que as pessoas estão “cansadas”, após anos marcados pela pandemia, a guerra e a inflação.

“As pessoas sentem que também já não têm muito a perder, que só juntas é que é possível encontrar saídas para esta crise”, refere Olinda Marques, convidada da entrevista semanal Ecclesia/Renascença, emitida e publicada aos domingos.

A responsável, natural da Diocese de Coimbra, comentava o aumento da contestação nas ruas, na véspera da comemoração do 1.º de maio, num momento em que o custo de vida subiu “brutalmente” e as famílias “têm medo de perder a casa”.

Olinda Marques considera que o trabalho “deixou de garantir” a saída da pobreza, em Portugal.

“Por isso mesmo é que muitos trabalhadores, em vez de terem um trabalho, têm dois trabalhos, fazem mais horas e deslocam-se de locais para locais”, indica.

Questionada sobre o impacto de medidas como os apoios às prestações da casa ou o IVA zero no cabaz essencial ajudam, promovidas pelo Governo, a presidente do MTCE sustenta que “o esforço financeiro tem de ser direcionado no sentido de dignificar cada uma das pessoas, porque muitas vezes o que está à frente é a parte económica”.

“Se o trabalho fosse distribuído de outra forma, era possível termos um salário digno suficiente para cobrir as necessidades das famílias. Por outro lado, claramente não parece ser uma prioridade a eliminação da pobreza”, acrescenta.

A entrevista aborda a luta pelo chamado “domingo livre”, na Europa, uma mudança que inclui os próprios consumidores, e as mudanças no mundo do trabalho, promovidas pela inovação tecnológica.

Olinda Marques adverte contra uma “economia que não se importa em destruir os recursos naturais dos povos, que põe em perigo a sobrevivência até das gerações futuras”, considerando que o tema deve ser discutido na JMJ Lisboa 2023.

“O fulcral é o trabalho digno para todos e espero que faça parte do programa das Jornadas, sinceramente”, conclui.

Sandra Afonso (RR) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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Agência ECCLESIA

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