A mariofania de Fátima “pode e deve ser interpretada como acontecimento apocalíptico” – defendeu esta manhã (10 de Outubro), o Pe. Garcia Paredes, sacerdote espanhol, na conferência «Ciclo cordimariano: escatologia e espiritualidade mariana» integrada no Congresso Internacional «Fátima para o Século XXI». O conferencista disse aos presentes, no Centro Pastoral Paulo VI (Fátima), que o tema do Coração de Maria é “alma, centro, espírito e dinâmica de toda a mensagem de Fátima”. E avança: “nisto consiste a sua novidade em relação a outras aparições marianas, em que Maria se manifesta como Imaculado Coração”. A decorrer até dia 12 de Outubro, o congresso tem abordado temáticas sobre a espiritualidade de Fátima e projecta o local e o mistério ali vivido para as grandes celebrações do centenário das aparições, em 2016-2017. O Pe. Garcia Paredes realça que o “símbolo do Coração de Maria está presente, de uma forma muito peculiar, nas aparições de Fátima, tanto nas aparições do Anjo, como nas de Maria”. As aparições do Anjo e de Nossa Senhora aos três pastorinhos e depois à Lúcia, “possuem um carácter apocalíptico em sentido próprio”. Os seus relatos fazem partem “da literatura apocalíptica”. E exemplifica: “os símbolos que constituem as aparições são todos eles da apocalíptica: anjo, demónios, inferno, cálice, sangue, sol, lua e estrelas, fogo, mulher belíssima, cidade perversa e homens maus”. A compreensão da história como luta entre o bem e o mal, o pecado e a misericórdia caracteriza todo o acontecimento de Fátima. “Nesta luta tem-se a convicção de que unicamente Deus e Maria podem vencer o maligno” – disse o orador. E acrescenta: “A única coisa que resta aos homens e mulheres é rezar, fazer penitência e esperar com paciência”. Na abordagem do tema, o Pe. Garcia Paredes faz também referência ao protagonismo feminino nas aparições. “A quem aparece é à Lúcia e à Jacinta, que a vêem e a escutam. Também é verdade que aparece ao Francisco, mas este somente a vê, não a escuta. O varão permanece discretamente em lugar secundário”.