Porto: Diocese iniciou investigação prévia a sete sacerdotes, para determinar «indícios fiáveis» que possam levar a medidas preventivas

D. Manuel Linda recebeu da Comissão Independente uma lista de 12 nomes, incluindo os de quatro padres já falecidos

Foto: João Lopes Cardoso/Diocese do Porto

Porto, 10 mar 2023 (Ecclesia) – A Diocese do Porto anunciou hoje que está a investigar sete sacerdotes, na sequência da entrega de uma lista de nomes pela Comissão Independente (CI) para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica.

“Imediatamente foi iniciada a investigação prévia a respeito dos sete clérigos vivos. Nos arquivos diocesanos, não se encontra qualquer indício de possíveis crimes de abusos, tal como, aliás, o Grupo de Investigação Histórica já tinha verificado. À Comissão Diocesana para o Cuidado dos Frágeis também não chegou qualquer denúncia relativamente a estes nomes”, refere uma nota enviada à Agência ECCLESIA.

Segundo o comunicado, as diligências desenvolvidas, que incluíram reuniões do bispo diocesano, D. Manuel Linda, com várias pessoas, “à procura de eventuais informações complementares” ainda não conduziram a “qualquer pista”.

“Se, entretanto, aparecerem indícios fiáveis, o bispo diocesano não hesitará em suspender preventivamente o clérigo em causa”, acrescenta a Diocese do Porto.

O bispo tem o direito, desde a abertura da investigação prévia, de impor medidas cautelares – que são um ato administrativo -, entre as quais o afastamento ou proibição de exercício público do ministério.

A nota de esclarecimento surge na sequência da entrega de uma lista, pela CI, aos responsáveis católicos de Portugal, no último dia 3 de março, com nomes de alegados abusadores, referidos nos testemunhos recolhidos pelo relatório final desta comissão, apresentado publicamente no dia 13 de fevereiro.

A Diocese do Porto recebeu uma lista com 12 nomes, no total, que foi entregue ao Ministério Público por D. Manuel Linda.

“Foi possível aferir, desde logo, que quatro já faleceram e um já não pertence à diocese. Por informação oral do Grupo de Investigação Histórica, ficou-se a saber que as denúncias se reportam às décadas de 70 e 80”, adianta a nota divulgada esta sexta-feira.

O comunicado evoca o “sofrimento de vítimas de atos hediondos e inqualificáveis “

Esta Diocese reafirma o que sempre tem dito: coloca-se do lado das vítimas, sofre com elas e tudo está a fazer para criar uma nova mentalidade e atitudes, respeitadoras e seguras, de modo a que os mais novos e suas famílias possam confiar plenamente nos agentes pastorais”.

A Conferência Episcopal Portuguesa determinou, na sua última assembleia plenária extraordinária, que as Comissões Diocesanas sejam constituídas apenas por leigos “competentes nas mais diversas áreas de atuação”.

No seguimento desta decisão, a Comissão Diocesana do Porto para o Cuidado dos Frágeis (cuidadodosfrageis@diocese-porto.pt) está “em processo de renovação, ficando, brevemente, constituída apenas por leigos, dotada de sede própria e de melhores condições de trabalho”.

O Vaticano disponibiliza desde 2020 um “vade-mécum” para ajudar os bispos e responsáveis de institutos religiosos no tratamento de denúncias de abusos sexuais de menores.

OC

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Agência ECCLESIA

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