«O dom que é a família exige compromissos»

Exortou D. Jorge Ortiga O Arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, exortou ontem, para que nas comunidades paroquiais os cristãos da diocese «tirem conclusões» neste ano pastoral, que agora se inicia, o terceiro dedicado à pastoral familiar, subordinado ao tema “Família, dom e compromisso”. «O dom que é a família exige compromissos», frisou o prelado durante a homilia da eucaristia a que presidiu no santuário de Nossa Senhora do Alívio, em Vila Verde. Foi perante uma assembleia de milhares de fiéis, que ontem participou na peregrinação arciprestal anual ao santuário de Nossa Senhora do Alívio, que o Arcebispo Primaz persuadiu para a importância de cada um, na sua família, paróquia ou arciprestado, «procurar descobrir o real sentido do que é ser família como dom e compromisso». Tentando dar algumas pistas para aquela reflexão, D. Jorge Ortiga alertou para que não se entenda a família como «um contrato» entre um homem e uma mulher, mas como «sacramento e, em consequência, dom de Deus». Depois de já ter abordado a mesma temática na passada semana, na peregrinação ao santuário de Nossa Senhora da Penha, em Guimarães, o prelado frisou que, ao longo deste novo ano pastoral, vai insistir na necessidade da Igreja Arquidiocesana reflectir e tirar conclusões práticas ao nível da pastoral da família. É que, sustentou o Arcebispo de Braga, «a medida da família católica não está nem se encontra naquilo que os jornais e televisão dizem. Ela é dom que deve ser cultivado e que, por isso, obriga a compromissos». «Famílias católicas não são as das telenovelas», avisou D. Jorge Ortiga, indicando que «se a família é comunidade de amor, então cada um deve sentir-se como dom para os outros elementos que a compõe». Para o mais alto responsável da pastoral diocesana, «se a dinâmica do dom fosse cultivada nas 24 horas do dia, as famílias sairiam reforçadas». Por isso, garantiu o prelado, «o que faz falta hoje a uma verdadeira vida familiar é que os cônjuges sejam dom um para o outro, ambos o sejam também para os filhos e para os restantes familiares». Uma equipa de pastoral por cada paróquia No início do terceiro e último ano da caminhada pastoral arquidiocesana sobre a família, D. Jorge Ortiga apela a que a reflexão seja feita e que dela resultem conclusões. Contudo, alertou o prelado em Vila Verde, «isso não depende só dos padres mas também de cada um dos cristãos». Aludindo às leituras da liturgia de ontem, o Arcebispo de Braga frisou que, também neste campo da pastoral, «é preciso muitas vezes sair, deixar as 99 ovelhas do rebanho e procurar a que se perdeu». Embora muitos dos fiéis não se sintam motivados e com talento por si mesmos para concretizar as directrizes pastorais, D. Jorge Ortiga apela então a que ajam e trabalhem em grupo. Os católicos, segundo o prelado, necessitam de assumir «o compromisso missionário» que os impulsionará à acção do interior das suas famílias para a comunidade, transformando esta também numa autêntica família. «Que em cada paróquia exista uma equipa de pastoral familiar a trabalhar», exortou o Arcebispo Prima, apostando nesse objectivo o êxito ou não dos últimos três anos de trabalho pastoral na diocese. D. Jorge Ortiga quer que, também através daquelas equipas paroquiais de pastoral, as famílias assumam também o «compromisso missionário». Só com tal atitude, frisou o prelado, será possível combater o que motiva a «corrupção de que a família é hoje vítima». Segundo o Arcebispo de Braga, entre as causas do flagelo familiar encontra-se o desemprego, a droga, a violência doméstica e a traição. Aos pais cabe educar os filhos A reflexão que é necessário fazer-se no interior das famílias, se for bem conduzida, defende o Arcebispo Primaz, resultará na assumpção de compromissos para a vida. Um dos compromissos passa pela responsabilização dos pais na educação dos seus filhos. «Os pais é que são os educadores», frisou D. Jorge Ortiga, acrescentando que «os outros» (familiares, professores, educadores) podem ajudar mas nunca substituir a responsabilidade original dos progenitores. No início de mais um ano escolar e pastoral, o Arcebispo de Braga sublinhou que «os pais devem assumir as suas responsabilidades tanto na escola como na catequese». «Eles devem estar presentes», sustentou o prelado, referindo-se à crescente desresponsabilização dos pais e consequente abandono da educação dos seus filhos à mão dos professores, catequistas ou outros agentes de educação externos ao agregado familiar. «Não basta inscrever e levar o filho à catequese ou à escola», avisou D. Jorge Ortiga. «É preciso que os pais “frequentem” também a escola e a catequese e, com isso, se envolvem activamente na educação dos seus filhos que é sua responsabilidade», acrescentou o Arcebispo. Dar vida nova aos santuários No final da eucaristia da peregrinação arciprestal ao santuário de Nossa Senhora do Alívio, o Arcebispo de Braga elogiou os recentes melhoramentos realizados naquele local de devoção mariana, indicando que «a diocese está empenhada em dar vida nova aos santuários». Perante vários milhares de peregrinos do Arciprestado de Vila Verde, D. Jorge Ortiga referiu que existe interesse por parte dos responsáveis pastorais em que os locais de peregrinação «tenham mais e melhores condições» para que possam acolher, da melhor forma, todos os que ali acorrem para orar e passar momentos de convívio. No que respeita à intervenção de que o santuário de Nossa Senhora do Alívio foi alvo, o Arcebispo Primaz afirmou ter gostado do que viu e sustentou que o mesmo está agora melhor do que no passado.

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