Igreja/Portugal: CEP nomeia nova diretora do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência, que aponta à JMJ Lisboa 2023 como a «grande prioridade»

«Serviço estará muito empenhado em que as pessoas com deficiência também tenham todas as condições para se encontrar com o Papa», afirma Carmo Diniz

Foto: Agência ECCLESIA/CB

Lisboa, 10 nov 2022 (Ecclesia) – A nova diretora do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência, nomeada hoje pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), assumiu como “grande prioridade” a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023, em Lisboa.

“A Igreja portuguesa prepara-se para receber o maior evento dos últimos anos e dos próximos também. O Serviço Nacional estará muito empenhado em que as pessoas com deficiência também tenham todas as condições para se encontrar com o Papa, em Lisboa, em agosto do próximo ano”, disse Carmo Diniz à Agência ECCLESIA, após a divulgação da sua nomeação, no Comunicado Final da 204.ª Assembleia Plenária da CEP

Segundo a nova diretora do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência (SPPD), “a grande prioridade e premente” é a próxima edição internacional daJMJ, para a qual estão a ser criadas condições para que as pessoas com deficiência “possam aceder aos eventos centrais, nomeadamente à Missa final e à vigília com o Papa”.

Foto: JMJ Lisboa 2023

Carmo Diniz que também integra o Comité Organizador Local (COL) da JMJ Lisboa 2023, no Gabinete de Dialogo e Proximidade, salienta que este caminho está a ser feito há algum tempo e explica que existem várias áreas nas quais os responsáveis se debruçam para “promover o acolhimento das pessoas com deficiência na Jornada”.

O acolhimento, desde o início do planeamento, para que estas pessoas “possam participar ativamente desde já, no planeamento e durante a jornada”, e a “preocupação” com a comunicação, para que “todos compreendam as mensagens de divulgação e todas as outras inerentes” à JMJ.

Neste contexto, a responsável destaca ainda três níveis de preocupações muito práticos – “a mobilidade das pessoas com deficiência a acessibilidade dos espaços, e o alojamento e conforto que as pessoas precisam para ter uma boa Jornada” – e trabalham com um conjunto de parceiros “muito importante”, várias instituições e entidades, para os “ajudar a pensar e trabalhar estes temas”.

“Estamos ativamente a trabalhar estes temas, não é o COL sozinho, ou não é uma pessoa sozinha, que consegue neste contexto organizar o acolhimento a pessoas com deficiência. Temos que ser todos juntos, temos de estar todos com esta vontade e trabalhar para isso”, acrescentou.

Na semana anterior à JMJ 2023, realizam-se os ‘Dias nas Dioceses’, em 17 dioceses portuguesas, de 26 a 31 de julho, e Carmo Diniz refere que este caminho também está a ser feito, “através do COL em articulação direta com as várias dioceses”, as que participam nos DND e as dioceses de acolhimento da Jornada Mundial da Juventude.

“Desde o início começamos a trabalhar temas de acessibilidade dos espaços JMJ. É importante que os COD [Comités Organizadores Diocesanos] saibam quais é que são os espaços acessíveis e façam um mapa para a pessoa com mobilidade reduzida. Sinto o interesse e a disponibilidade dos COD para trabalharmos para além do tema da acessibilidade”, desenvolveu Carmo Diniz.

A entrevistada salienta que, mais do que as igrejas serem todas acessíveis, “é importante a informação das que são acessíveis e não estão sinalizadas, para as pessoas não perdem a viagem”.

“Esta proposta de mapeamento foi feita aos espaços JMJ a nível nacional, e quando coincidem com igrejas ou outros espaços esse mapeamento pode ser feito. Esta sinalização positiva é muito, muito importante. Se for a propósito da Jornada Mundial da Juventude que sinalizamos as igrejas, a JMJ deixa um legado à Igreja diocesana”, desenvolveu.

A edição portuguesa da Jornada Mundial da Juventude foi anunciada no final do encontro realizado no Panamá, em janeiro de 2019, onde se tornou viral uma foto (de Carlos Yap) do Papa a abençoar um jovem (Lucas, de 17 anos) em cadeira de rodas, que foi levantado no meio da multidão que acompanhou a chegada de Francisco a este país da América Central.

Esta fotografia é a capa da página do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência de Portugal na rede social Facebook, e a sua diretora realça que “é uma grande fonte de inspiração”.

“Mostra que só com a força de cada um é que conseguimos superar as dificuldades. É com a força de cada um dos jovens que segura naquela cadeira, que é pesada, e naquele jovem que tanto quer ver o Papa que vamos conseguir organizar esta jornada para todos.”

Segundo Carmo Diniz, depois da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023, que se vai realizar de 1 a 6 de agosto de 2023, o SPPD vai continuar o “caminho da construção” dos serviços diocesanos desta área pastoral, e terem “uma Igreja mais inclusiva para todos”.

Existem dioceses católicas em Portugal que ainda não têm este serviço implementado, e, segundo a entrevistada, é um caminho que “tem o seu tempo próprio para cada diocese” e tem que ser uma “força e uma vontade que vem da própria diocese”.

“Tem que ser a própria diocese a querer e a sentir a necessidade de ter o serviço. Já trabalhávamos nisso e vamos trabalhar ainda com mais afinco para que cada um queira fazer o caminho e que tenha também as condições para fazer o caminho. São as duas variáveis: Tomar consciência e ter as condições para atuar”, desenvolveu a também coordenadora do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência do Patriarcado de Lisboa.

Alice Cabral (esq) e Isabel Vale (dta)

Carmo Diniz revela que recebeu esta nomeação com “alguma boa dose de responsabilidade” e “entusiasmo” por ver que a Igreja se preocupa com as pessoas com deficiência, recordando que o SPPD tem sido conduzido por duas pessoas – Isabel Vale e Alice Cabral – que fizeram “um caminho muito longo na inclusão das pessoas com deficiência na Igreja”.

“A doutora Isabel Vale e a doutora Alice Cabral foram extraordinárias durante muito tempo e num tempo talvez mais duro e mais difícil. Acho que se deve dar o devido agradecimento, trouxeram até 2022 e havemos de continuar o seu trabalho”, realçou Carmo Diniz.

A Conferência Episcopal Portuguesa, no Comunicado Final da sua 204.ª Assembleia Plenária, que decorreu em Fátima, de 7 a 10 de novembro de 2022, também nomeou o diácono Fernando Magalhães (Patriarcado de Lisboa) como assistente do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência.

O Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência foi criado no âmbito da Pastoral Social, pela Conferência Episcopal, em novembro de 2010.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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